domingo, 24 novembro
Foto: Divisão de fotografia

Na tarde desta quinta-feira (26), a Comissão Especial sobre a crise das finanças e reforma tributária, presidida pelo deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), ouviu especialistas sobre a economia do Rio Grande do Sul, sua matriz produtiva, gargalos e potencialidades, e a crise financeira do Estado. Participaram do encontro os professores Junico Antunes, da Unisinos, e Jorge Audy, da Tecnopuc, que defenderam a inovação e a mudança no modelo educacional para o desenvolvimento do estado.

Junico Antunes falou sobre o contexto histórico brasileiro e gaúcho para entender os modelos de desenvolvimento nacional e estadual. Ele apontou três características da economia do RS: diversidade setorial, distribuição geográfica plural e vocação exportadora. Lembrou que o setor industrial é forte no RS, representando 22,4% do PIB gaúcho enquanto o mesmo setor representa menos de 12% do PIB nacional. Para o professor, é preciso considerar o setor industrial como um ativo a ser defendido no estado. Antunes chamou a atenção também para a importante participação das cooperativas dos mais variados ramos na economia gaúcha e para o potencial energético no RS (energias eólica, solar e termoelétrica). Na avaliação do professor, é preciso investir na inovação das empresas já existentes e dos novos empreendimentos e, nesse contexto, o principal gargalo no RS é a educação. “Precisamos trabalhar fortemente no nível do conhecimento”, finalizou.

Jorge Audy falou das mudanças tecnológicas no mundo, que vêm se acelerando desde a década de 1970. Criticou o baixo investimento do país em Ciência e Tecnologia, que hoje gira em torno de 0,6% do PIB nacional, enquanto o percentual mínimo para acompanhar esse desenvolvimento tecnológico seria de 2, e disse que o país nunca teve um plano de desenvolvimento no qual a inovação fosse o fator central. Audy lembrou que o mundo atravessa um momento de transformação tecnológica, por conta da inteligência artificial, só comparável com a dos anos 1970, quando surgiram os microcomputadores e a internet. O professor ainda avaliou que, ao lado dessa revolução tecnológica, haverá a aceleração das desigualdades sociais, especialmente em países como o Brasil. Ele citou que a pandemia já antecipou a visualização dessa problemática. Apontou ainda que, na América Latina, a criação de ambientes de inovação só chega em 2001, enquanto nos EUA, na Europa e na Ásia, eles surgiram, respectivamente, nos anos 1950, 1960 e 1980. Para Audy, o principal desafio que se tem também é a educação, que precisaria ser modificada de ponta a ponta, da educação infantil ao ensino superior, observando-se que todos os países que se desenvolveram com a inovação fizeram antes transformações nos seus modelos educacionais. “Estamos com um modelo de educação do século XIX em pleno século XXI”, comparou, lembrando que os governos sempre disseram que a educação é prioridade, mas isso só fica no papel e não vai para a prática.

Após as manifestações dos convidados, eles responderam questionamentos dos parlamentares. Além de Mainardi, participaram a deputada Luciana Genro (PSOL) e os deputados Elton Weber (PSB), Eduardo Loureiro (PDT) e Clair Kuhn (MDB). Também participou o diretor técnico da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Roger Pozzi.

Fonte: Agência de Notícias ALRS

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