segunda-feira, 25 novembro
Foto: Marta Resing

Em audiência pública da Comissão de Segurança e Serviços Públicos, realizada em ambiente virtual, na manhã desta sexta-feira (20), diretores de escola, professores, estudantes e representantes do Conselho Estadual de Educação discutiram a política de formação de professores na rede estadual e a nova matriz curricular do ensino médio gaúcho. A audiência foi proposta e conduzida pela deputada Sofia Cavedon (PT). Pelas redes sociais, estudantes de curso normal de todo o estado acompanharam o debate.

Como encaminhamento, Sofia Cavedon sugeriu a elaboração de um documento com o conteúdo das manifestações para ser encaminhado à Secretaria Estadual da Educação. Ela também lembrou que uma nova audiência sobre o tema já está aprovada na Comissão de Educação.

Manutenção do curso normal 

O vice-diretor do Instituto Tiradentes, de Nova Prata, Silvano Marchetti, contou um pouco da história da escola, de 92 anos, que, segundo ele, confundia-se com a própria história do município. Disse que já tiveram mais de 1,3 mil alunos e que agora havia em torno de 600, distribuídos em três turnos, manhã, tarde e noite. O curso normal contava com 16 alunas e, a partir de uma grande campanha na mídia local, haviam conseguido abrir uma nova turma de 23, somando assim 39 alunos, o que ainda era pouco, a seu ver.

O vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Oswaldo Dalpiaz, disse que era consenso na entidade, assim como no estado todo, que o curso normal “não devia desaparecer”, ainda que no país fossem poucos os estados que o defendem. Ele elogiou a iniciativa do debate e destacou a qualificação diferenciada dos professores egressos do curso.

A 2ª vice-presidente do Conselho, Carla Tatiana Labres dos Anjos, explicou que haviam recebido o Referencial Curricular Gaúcho do Ensino Médio e que ainda estudavam o documento, no qual o curso normal aparecia como uma modalidade, isto é, permanecia.

A presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schürer, lamentou a desvalorização sofrida pelos professores ao longo dos anos e considerou que o poder público era o único ente capaz de mudar esta realidade. Disse ter ficado mais tranquila ao ouvir sobre a manutenção das escolas normais.

A presidente da entidade, Márcia Adriana de Carvalho, observou que o momento instável de mudanças trazia preocupações à comunidade escolar e que era preciso dirimi-las. Disse que a última portaria da Secretaria da Educação resguardava o curso normal. Assim como os planos de estudo já aprovados pelo Conselho, e que eram esses planos de estudo que oportunizariam a certificação dos estudantes e a concessão do diploma para atuarem na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. “Caso as escolas tenham dúvidas (quanto à execução dos planos de estudos e à certificação dos estudantes), elas devem se dirigir à sua mantenedora”, disse.

Sobre os itinerários formativos, explicou que o novo formato do ensino médio apresenta a distribuição da carga horária em duas partes indissociáveis, a formação geral básica, que a lei definiu em no máximo 1.800 horas nos três anos do ensino médio, e a parte flexível, organizada em itinerários formativos. “Porém não podemos esquecer que o curso normal é uma ‘modalidade’, assim como é a formação profissional, a educação de jovens adultos e a educação especial, e tem suas especificidades”, disse. “Não deixará de ser chamado de  curso normal e portanto não deixará de certificar os professores nesse formato”, continuou, explicando que não se podia confundi-los com os cursos técnicos voltados à educação, “que tinham outras especificidades”.

Alunos e diretores de escolas deram depoimentos sobre o significado do magistério em nível pessoal e social e expressaram dúvidas e preocupações com a qualidade do curso diante das mudanças em curso.

Agência de Notícias da ALRS

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