quinta-feira, 05 junho

O deputado Valdeci Oliveira acolheu o pedido de um grupo de professores da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e irá protocolar, em conjunto com o colega deputado Jeferson Fernandes, um requerimento para a realização de audiência pública. O objetivo é debater a realidade enfrentada e as condições de trabalho dos docentes na instituição, além dos investimentos necessários e o orçamento destinado pelo governo gaúcho. Valdeci reuniu-se com representantes da Associação de Docentes da Universidade Estadual (Aduergs), nesta quarta-feira (04/06), na Assembleia Legislativa.

Para efeito comparativo, enquanto a universidade gaúcha recebeu R$ 192 milhões em 2024 para sua manutenção, a Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) alcançou R$ 855 milhões em investimentos no mesmo período. E as entidades paranaenses de ensino superior registraram mais de R$ 3 bi. O requerimento conjunto da audiência será apresentado à Comissão de Segurança e Serviços Públicos. Também será buscado a abertura de um canal de discussão com o governo do Estado a partir da articulação de um pedido de audiência junto à Casa Civil.

Durante o encontro, que contou com a participação das professoras Viviane Camozzato, da unidade de Bagé, Zenicléia Deggerone, de Erechim, Cláudia Ogeda, de São Luiz Gonzaga, e Sílvia Lopes, de Porto Alegre, o grupo relatou que a totalidade do recurso repassado pelo governo do RS é utilizado praticamente na cobertura da folha de pagamento e em pequenas e eventuais despesas. A UERGS possui ainda um déficit mínimo de 170 docentes, que alcança mais que o dobro do atual quadro de servidores quando analisado perante a legislação: atualmente são 250 contra os 600 previstos (de forma progressiva, ao longo do tempo) na Lei que criou a Universidade, sendo que o último concurso público foi realizado no governo Tarso Genro, em 2014.

Segundo as dirigentes da Aduergs, para frear o alto grau de adoecimento e sobrecarga de trabalho enfrentados pelos servidores da instituição seria necessário a criação de um plano de contratação emergencial. “Uma situação que apenas se agravou com o tempo. Muitos governos, como o atual, foram e são contra a UERGS. E isso explica a precarização e o desmonte que a nossa universidade vem sofrendo nos últimos anos. Temos um corpo técnico qualificado que, além de estar abaixo da necessidade operacional, não vem sendo reposto com as aposentadorias ou desligamentos que ocorrem naturalmente”, avaliou Valdeci.

Outro ponto discutido disse respeito à dificuldade da UERGS, criada na gestão de Olívio Dutra e que possui 23 Unidades Universitárias organizadas em sete Campi Regionais, em acessar R$ 50 milhões em recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), a exemplo de instituições como a Emater, e a necessidade de garantir o atendimento de uma demanda crescente atendida pela mesma estrutura de uma década atrás. Prédios degradados, falta de recursos básicos e precariedade na segurança para atividades noturnas e em unidades isoladas completam o quadro de desmonte paulatino da UERGS nos últimos anos.

Uma pesquisa sobre as condições de trabalho realizada pela Associação, entre os meses de abril e maio, aponta que a “maioria esmagadora os professores relata excesso de carga horária (muitos acumulando três turnos de trabalho diário), acumular de aulas, coordenações, representação e gestão fora da área de formação, casos de depressão, ansiedade generalizada, com uso frequente de medicamentos e terapias”.

Texto: Tiago Machado (MTE 9.415) e Marcelo Antunes (MTE 8.511)
Foto: Christiano Ercolani (ALRS)

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