Bancada do PT defende que projetos que alteram carreiras do funcionalismo sejam votados em agosto

Bancada do PT defende que projetos que alteram carreiras do funcionalismo sejam votados em agosto

 

 

 

Como sempre, a Bancada do PT na Assembleia Legislativa está do lado dos trabalhadores. Nesta quarta-feira (17/07), quando o governo Leite envia para o Parlamento gaúcho três projetos modificando as carreiras do funcionalismo sem dialogar com as categorias, a bancada petista entende que a proposta do Piratini não pode ser votada na sexta-feira, como quer o governo. A posição foi oficializada após uma série de reuniões com representantes das diversas categorias do funcionalismo estadual.

O argumento da bancada é que a próxima verificação do limite prudencial, que ocorre a cada quadrimestre, só acontecerá em 31 de agosto. Portanto, os projetos poderiam ser votados na última semana de agosto, o que daria mais tempo para avaliar o impacto das mudanças nas carreiras dos servidores.

O desejo de Eduardo Leite é protocolar e aprovar os textos em um período de dois dias para que não haja tempo de mobilização das categorias. De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm/Sindicato), Isaac Ortiz, a proposta apresentada para os servidores da segurança pública é ruim e não serve. “Esse governo não dialoga, tenta passar o rodo e encerrar a discussão com as categorias. Essa proposta não atende as nossas necessidades. Leite nunca nos ouviu e vira as costas para nós”, disse.

Para o deputado Leonel Radde, o governo tenta aprovar a toque de caixa para evitar a mobilização dos servidores. “É impossível votar às cegas um projeto gigantesco. Não é possível a Assembleia Legislativa se sujeitar a essa imposição do governo”, disse o deputado. Somente um dos projetos tem 320 páginas.

O deputado Adão Pretto Filho destacou que historicamente a bancada petista sempre se posicionou pela valorização dos servidores e que não vai votar contra um projeto de reajuste dos salários, mas criticou a forma como o governo do estado está conduzindo o processo. “É inadmissível o governo enviar às pressas um projeto tão importante como esse sem discutir com os servidores”. Na área da Segurança Pública, 75% dos servidores não receberão nada de reajuste, conforme o texto apresentado pelo Executivo.

A proposta que chegou aos servidores ligados à Federação Sindical dos Servidores do RS  (Fessergs), segundo seu presidente Sérgio Arnoud, que relatou a reunião com o governador Eduardo Leite, não guarda sequer familiaridade com as carreiras públicas do Estado. Arnoud afirmou que provavelmente o texto foi elaborado por uma consultoria privada e que apesar da entidade historicamente defender a mudança nos quadros públicos, é preciso obedecer as pecualiridades das diferentes carreiras.

Entre as categorias dos técnicos científicos, os servidores de nível fundamental e médio, é unânime a preocupação com o tratamento diferenciado entre aqueles que estão há mais de 20 anos na carreira e os recentes concursados, penalizando os primeiros e beneficiando apenas os recém nomeados. Das 300 mil matrículas de servidores ativos e inativos do RS, apenas 80 mil serão contempladas pelas mudanças propostas pelo Governo Leite.

Representantes dos técnicos científicos (Sintergs) e dos servidores da Procuradoria Geral do Estado (Sindipge) manifestaram preocupação com as diferenças salariais entre trabalhadores da mesma instituição, o que cria um clima interno desfavorável ao exercício das funções.

Além da mudança nas carreiras, a contratação de temporários em período eleitoral também é objeto de preocupação entre as entidades. A Fessergs defendeu o chamamento de servidores aposentados nos últimos dois anos, como alternativa mais barata e mais eficaz. “Esse pacote anunciado até agora, em três Projetos, nós estamos falando em 400 páginas que a maioria governista da Assembleia, quer votar na próxima sexta-feira. Mas o que nós estamos percebendo com esses projetos, é uma ampliação das desigualdades dentro do serviço público, uma ampliação do conflito e não efetivamente, nenhum avanço que garanta qualidade e respeito aos servidores, para responder a aquilo que a população mais precisa, que é um serviço público de qualidade. Nós vamos defender o adiamento dessa votação,” afirmou o líder da Bancada do PT, Miguel Rossetto.

A presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer afirma que a categoria ainda precisa conhecer e se apropriar da proposta do governo. “Gato escaldado tem medo de água fria. Estão querendo colocar a parcela de irredutibilidade dentro da insalubridade dos funcionários de escola? Queremos ver como vai ser. Me parece que o governador quer acabar com o plano de carreira”, disse a líder sindical.

Os servidores das extintas fundações também serão atingidos pelo pacote de Eduardo Leite. A diretora do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande Do Sul (Semapi), Cecília Bernardes, disse que não foram convidados a dialogar sobre os projetos. Em função disso, o departamento jurídico da entidade está analisando a proposta, pois há propostas para diferentes funções.

 

Texto: Claiton Stumpf e Adriano Marcello Santos