Bancada do PT cobra de secretária da Fazenda instalação imediata do Fundo de Reconstrução do RS

Bancada do PT cobra de secretária da Fazenda instalação imediata do Fundo de Reconstrução do RS

 

PORTO ALEGRE – RS – BRASIL – 27/06/2024: Plenarinho, no 3º andar. Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle. Reunião ordinária. Fotos: Lucas Kloss / ALRS

“Não é possível pensarmos a dinâmica do Estado do Rio Grande do Sul só a partir da dinâmica do Governo do Estado e desconsiderar as iniciativas do Governo Federal”. A afirmação foi feita pelo vice-líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa, deputado Miguel Rossetto, na Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle, nesta quinta-feira (27), durante a apresentação da secretária da Fazenda, Pricilla Santana, sobre a atual situação financeira do RS, na qual ela não cita a suspensão do pagamento da dívida do Estado por três anos nem a anistia de juros neste período. No encontro, parlamentares da Bancada defenderam a instalação imediata do Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul.
Em sua apresentação, a secretária mostrou um cenário caótico nas finanças do Estado e disse que desde a última vez em que esteve no Parlamento, as coisas “pioraram muito”. No entanto, a bancada defende que a equipe da Fazenda deveria, na apresentação, agregar o conjunto de iniciativas do Governo Lula para com o Estado. A secretária não considera a suspensão do pagamento da dívida por três anos, o que resulta na redução de uma despesa que estava contratada.
O deputado Rossetto advertiu que, no médio e longo prazo, o governo Lula também anistiou o RS dos juros da dívida pelo mesmo período. “Os temas que envolvem o ingresso e a transferência de recursos e suspensão de pagamentos compõem o quadro fiscal do RS e ajuda a compreender os desafios futuros se tivermos um quadro mais claro dessa movimentação”. A suspensão do pagamento da dívida autorizada pelo Governo Lula, faz com que o estado deixe de pagar R$ 11 bilhões em três anos, assim como também foi anistiado de R$ 12 bilhões. O Governo Federal também autorizou a antecipação de pagamentos de R$ 5 bilhões de precatórios que seriam pagos somente em 2025. Além disso, diversos programas ajudam a movimentar a economia gaúcha. Entre eles o Auxílio-Reconstrução que já beneficiou 256 mil famílias com R$ 5.100,00. “O que importa do ponto de vista fiscal e econômico é uma compreensão básica do que já está acontecendo na economia gaúcha, na condição fiscal do estado”, afirma Rossetto.
Outra ação do Governo Lula que o Estado deve levar em consideração, segundo o parlamentar, é a parcela extra do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Rossetto também cobrou a relação das receitas de ICMS de 2023 e 2024 para que se possa ter uma noção mais real sobre o desempenho das receitas do Estado em relação ao que se teve nos anos anteriores. “É sobre este critério que qualquer seguro receita vai ser aplicado e não sobre possíveis previsões de receita”, argumentou.
O parlamentar salientou que para a Bancada do PT é prioridade a instalação imediata do Programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do Estado do Rio Grande do Sul e o estabelecimento do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) – baseado na proposta das bancadas do PT e PCdoB e aprovado na Assembleia Legislativa em maio. “O tempo importa, pois quando 17 mil empresas recebem os financiamentos do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), quase R$ 2 bilhões entraram na economia das pequenas e médias empresas”. Rossetto defendeu que o Fundo comece a operar o mais rápido possível para possibilitar os municípios qualificarem as suas estruturas vicinais e as empresas obterem crédito subsidiado.
O deputado Pepe Vargas observou que a partir Audiência de Conciliação, convocada pelo ministro do STF, Luiz Fux, após OAB apresentar ação pela extinção da dívida, foi anunciado a antecipação dos precatórios, o que representa mais uma injeção de recursos na economia gaúcha que nos últimos anos vem registrando desempenho negativo enquanto o resto do país apresenta crescimento no acumulado. “Conviver com PIB baixo e queda de PIB virou rotina no RS, então, se ficarmos no zero a zero, como diz a secretária estamos no lucro. O que é lamentável”, sentenciou.
Para Pepe, a destruição exige uma construção e a construção tem efeito na economia, por isso, a ideia do seguro-receita viria para estabelecer um regramento e algum grau de recomposição da receita do estado e dos municípios. “Ontem na reunião que tivemos do colégio de líderes e mesa diretora com o ministro Paulo Pimenta, ele colocou que o Governo Lula está sensível e entende que em algum momento teremos que ter alguma ajuda na queda da arrecadação, por isso acho que com o seguro-receita chegamos na média e no efeito real”, defendeu. Pepe acrescentou que o Estado já tem tido dificuldade de fazer reforma nas escolas em condições normais. Agora que tem que reconstruir e fazer restauração em várias escolas afetadas é preciso saber em que velocidade isso vai acontecer.
Com a suspensão do pagamento da dívida por três anos e dos juros sobre o estoque neste período, o estado ganha tempo para discutir uma alternativa. “Não teremos o prejuízo de ter que estar pagando nos próximos 36 meses e ao contrário de 2017 a 2022 quando não pagamos por força de liminar, e que fomos brindados com o acréscimo de R$ 16 bilhões no estoque da dívida, além de não ser perdoado nada, agora não temos que pagar as parcelas a partir de acordo com a União e não teremos o incremento no estoque por conta dos juros, então teremos um prazo para conversar”. O Fundo, segundo o deputado, também tem que ter recursos do Estado e não apenas da União. No ano passado, o Governo do Estado fechou o ano com R$ 11 bilhões no Caixa Único e estes recursos precisam ser usados para recuperar o Estado.

 

Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747

Foto: Lucas Kloss