Apesar de registrar crescimento de 1,7% do PIB em 2023, sem uma política de desenvolvimento, o Rio Grande do Sul segue abaixo da média nacional, que no mesmo período chegou a 2,9%. No intervalo de 32 anos, quando oito governos se sucederam, o PIB gaúcho superou o índice brasileiro, somente nos governos de Olívio Dutra (RS 9,8% contra 9,6% nacional) e Tarso Genro ( RS 10,8% contra 9,7% nacional).
Não é coincidência, trata-se de dois governos que optaram por outra visão da gestão pública, onde o Estado é tratado como um instrumento de indução da economia. Ambos desenvolveram uma forte política de desenvolvimento, investindo em arranjos produtivos locais, estímulo a instalação de investimentos privados, plano safra para a agricultura, criação de agência de desenvolvimento e negócios, aumento do salário mínimo regional, redução dos indexadores da dívida com a União, investimentos em infraestrutura e em estatais estratégicas.
A regra, no entanto, é outra: o dogmatismo da agenda neoliberal que vem sendo aplicada no RS há décadas, reduziu as funções públicas do Estado, elevou os valores da dívida pública, que saltou de R$ 24 bi nos anos 90 para R$ 95 bi em 2023. Sem uma política de indução da economia, restou como saída, repassar a conta para a população em forma de aumento de impostos. Aqui, novamente, somente os governos Olívio e Tarso não aumentaram impostos, assim como não venderam estatais, tampouco atrasaram salário de servidores.
Para o deputado Zé Nunes, a falta de uma política de desenvolvimento, associada ao aumento de impostos, terá forte impacto na desindustrialização do RS. “No governo Eduardo Leite, o enfraquecimento da indústria gaúcha é bárbaro. Vejam os números, no Brasil em 2023, o setor industrial aumentou 1,6%. O que aconteceu no RS? Nós caímos 4%, o RS está se desindustrializando! A agroindústria de alimentos do RS, que foi construída com o suor e o trabalho de muita gente, ela vai acabar se mudando, vai desempregar e se mudar para Santa Catarina e para o Paraná. Essa são as consequências!”
A deputada Stela Farias também aponta a preocupação com o atraso econômico do RS em relação aos Estados vizinhos. “Aplicando a mesma fórmula em busca de resultados diferentes, mais uma vez, o que os gaúchos têm assistido são soluções pontuais, que mal resolvem os quatro anos de cada governador. O Rio Grande do Sul, nestes últimos 32 anos, se tornou o Estado menos desenvolvido da Região Sul.”
Texto: Adriano Marcello Santos
Gráfico: Jorge Ussam