sexta-feira, 22 novembro

O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) usou o período de Grande Expediente da sessão plenária da tarde desta terça-feira (05/03) para homenagear os 50 anos da Relação Brasil/China. A solenidade contou com a presença do Cônsul Geral da China em SP, Yu Peng e comitiva, além de representantes do Instituto Confúcio, ligado à Universidade Federal do RS, empresários, parlamentares e o ex-governador Tarso Genro.
O ato no Legislativo iniciou-se com a chegada da comitiva chinesa, que foi recebida por Jeferson e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Brito, na presidência da Casa. Na oportunidade, o Cônsul Geral agradeceu a recepção calorosa e destacou que a parceria estratégica com a China avançará. Nascido em Hubei, Yu Peng contou que fez contato com o dirigente daquela província e que este concordou em aprofundar a parceria já estabelecida com o governo gaúcho, ainda em 2013, quando Tarso Genro era o governador.
Adolfo Brito lembrou que é interesse do Poder Público a relação com a China. “O RS tem potencial muito bom em importações e exportações. Vamos fazer com que seja mais factível a nossa relação com a china”, assinalou o presidente do Legislativo.
O ex-governador lembrou que, neste momento de transição energética, a visita do Cônsul Geral é de suma importância, já que o RS é pioneiro na produção de energia eólica e tem aporte extraordinário do ponto de vista científico e teórico. “E a cooperação com a China é fundamental nesta parte”, frisou.
O deputado estadual Miguel Rossetto destacou o fato de que ¼ das exportações do RS foram para a China. “Nossos governos nacionais dispõem de relacionamento extraordinário com a China. A estratégia BRICS adotada parece ser definitiva e seguramente estas relações comerciais poderão derivar para as áreas culturais, sociais e virar políticas públicas de Estado”, apostou. Ele também convidou o Cônsul Geral para conhecer a fábrica de semicondutores Ceitec. “Nosso país atualizou sua estratégia para a área de semicondutores. Fica o convite para o Cônsul conhecer

 

GRANDE EXPEDIENTE

O deputado Jeferson Fernandes (PT) iniciou o discurso lembrando que há meio século Brasil e China tinham em comum o desejo de expandir-se do ponto de vista comercial. Ele mencionou a evolução dessas relações ao longo da história, sendo que atualmente a China é a principal parceira comercial do Brasil, algo que se consolidou a partir de 2009. Ele observou que no caso do Rio Grande do Sul há espaço para crescer muito mais na relação com o mercado chinês.
O deputado lembrou que, apenas em 1974, os países passaram a desenvolver uma relação diplomática com respeito ao princípio de não intervenção em assuntos internos. Para a época, os números eram relevantes, avaliou o deputado. Segundo mencionou, em 1978 houve a assinatura do primeiro acordo comercial entre Brasil e China e os negócios começaram a evoluir de forma gradual, passando de US$ 19,4 milhões (1974) para US$ 202 milhões (1979). “Foi somente nos anos 2000 que as relações comerciais entre os dois países se intensificaram de fato”, ressaltou.  Ele reforçou que, em 2009, a China assumiu a primeira posição como parceira comercial do Brasil, que sempre foi ocupada pelos Estados Unidos e que, do lado chinês, em 2000 o Brasil ocupava a 21ª posição no ranking de participação na corrente de comércio chinesa, com 0,5% do total, e em 2012 o país assumiu a oitava posição”.
Jeferson Fernandes recordou que a partir dos anos 1980 os países voltaram-se à ampliação de suas relações internacionais, especialmente para dominar tecnologias mais avançadas, quando foram assinados vários acordos bilaterais, incluindo acordos nas áreas de ciência e tecnologia, energia nuclear e cooperação cultural e educacional. “Nos quatro anos entre a viagem à China do presidente João Figueiredo, em junho de 1984, e a viagem do presidente José Sarney, em julho de 1988, formalizou-se o ciclo das relações sino-brasileiras e o início da cooperação efetiva nessas relações, apesar das turbulências econômicas e políticas que iriam enfrentar”.

Números recordes
O deputado relatou que, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2022 as trocas comerciais entre os dois países alcançaram níveis recordes. O volume total comercializado, que é a soma de exportações e importações, atingiu US$ 150,1 bilhões. “Isso representa um crescimento de mais de 16 vezes se comparado a 2004, quando o então presidente Lula visitou o país pela primeira vez, que foi de US$ 9,1 bilhões”. Disse que chama a atenção o fato de a China responder por 30% das exportações brasileiras, de janeiro a agosto de 2023, seguida dos EUA, com 11%, e da Argentina, com 5,6%.  O valor dessas exportações atingiu a soma de US$ 67,9 bilhões de dólares.

Importações
O parlamentar também fez referência às importações, recordando que, em 2003, o Brasil importou mais de US$ 2,1 bilhões em produtos asiáticos. A cifra passou para US$ 15,9 bilhões em 2009, ano em que a China se tornou a primeira parceira comercial do Brasil, até chegar em quase US$ 60,7 bilhões no ano de 2022.

Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul ocupa o sexto lugar no ranking das exportações do Brasil, somando, de janeiro a maio de 2023, US$ 8,5 bilhões de dólares, o que representa uma elevação de 1,2% em termos de valor total, comparado com 2022, relatou Jeferson Fernandes. A China é o destino de 25,4% das exportações gaúchas em 2023. O estado manda para a China, soja em grão, carne suína, fumo, carne de frango, entre outros produtos, “mas há espaço para penetrar em muito mais segmentos daquele mercado e, principalmente, há disposição do mercado chinês em ampliar os negócios com o nosso estado”. Na 24ª Expodireto Cotrijal está presente a maior delegação chinesa da história, complementou o deputado.

Nova missão à China
Fernandes ainda disse que, por meio da Frente Parlamentar Brasil/China-RS, pretende estar em nova missão à China neste ano, a fim de fortalecer os vínculos criados no governo Tarso Genro, bem como, reforçar os laços e parcerias com a UFSM. “A nossa Frente Parlamentar se coloca como um facilitador na mediação com aquele país. E vem avançando desde a sua instalação”. O deputado ainda destacou que os chineses fazem questão absoluta de que as transações sejam avalizadas pelos governos. “Por isso, mais do que nunca, prefeituras, parlamentos, estado e União precisam estar em sintonia para fortalecer os negócios com a China”. Ressaltou que o poder aquisitivo do povo chinês cresce. “Os povos brasileiro e chinês já mostraram que querem e precisam dessa integração para além do comércio, também no turismo, na educação, na cultura, na saúde e em muitas outras áreas. Façamos, então, a nossa parte! Que venham os próximos 50 anos! Vida longa à relação do Brasil com a China”, declarou na tribuna.

Ao final do Grande Expediente, Jeferson homenageou o Cônsul Geral a Medalha da 56ª Legislatura.
Presenças
Participaram o Cônsul-geral da China em São Paulo, Yu Peng; o ex-governador Tarso Genro; Paulo Tigre, representante da Câmara de Comércio Brasil/China do Rio Grande do Sul; a diretora chinesa do Instituto Confúcio na Ufrgs, Lanling Bai; a diretora brasileira do Instituto Confúcio da Ufrgs, Letícia Grubert dos Santos; o vice-presidente da Fecomércio, Leonardo Schreiner; representantes da CPFL Energia; e integrantes do corpo diplomático chinês e brasileiro.

Texto:  Andréa Farias – com informações da Agência de Notícias AL/RS

Fotos: Vanessa Vargas e Thiago Koche
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