O debate sobre o massacre ao povo palestino promovido pelo atual Governo de Israel e as recentes manifestações do presidente Lula foi o tema da manifestação do deputado Pepe Vargas (PT) na tribuna da Assembleia Legislativa. Para Pepe, a direita brasileira está utilizando o assunto como “cortina de fumaça” para tentar tirar da pauta as revelações sobre os atos criminosos por parte de representantes desse campo político que tramavam dar um golpe contra a democracia e as instituições democráticas no Brasil. O desespero, segundo o deputado, leva a direita a fazer um conjunto de afirmações que não correspondem a realidade. “A direita deveria dizer se concorda com a morte de crianças e mulheres como está acontecendo na Faixa de Gaza”, sentenciou.
Segundo o parlamentar, o Brasil não está isolado no cenário mundial. Quem se isolou foi Israel e uma prova disso é que em reunião do Conselho de Segurança da ONU, de 15 membros, 13 deles votaram a favor de resolução que pede o cessar fogo imediato por parte de Israel. “A posição do presidente Lula é equilibrada. Lula esta semana que passou, mais de uma vez disse em alto e bom som que o Brasil condena a morte de civis por parte do Hamas, mas também condena a proposta desproporcional de Israel que está cometendo crimes de guerra previstos na Convenção de Genebra ao atacar civis inocentes”. Pepe lembrou que já são 30 mil mortes na Faixa de Gaza, 70 mil feridos e 70% dos mortos são mulheres e crianças. “O que que a direita brasileira tem a dizer sobre isso? Nós defendemos o cessar fogo imediato”.
O direito à autodefesa que todo e qualquer povo tem, segundo o deputado não dá carta branca para que Israel cometa atrocidades como está acontecendo em Gaza, onde não está permitido que entre comida, água, remédios, a energia elétrica foi cortada, além da transferência de mais de 1 milhão de pessoas para viverem em campos de refugiados, que depois foram bombardeados pelo exército israelense. A postura que o presidente Lula vem defendendo, acrescentou Pepe, vem sendo defendida pela maioria da comunidade internacional: que cessem as hostilidades, que pare a guerra e essa insanidade. “Se condena tanto o ataque de civis pelo Hamas como a morte de civis perpetradas não pelo povo civil, mas por um governo de extrema direita como o governo de Benjamin Netanyahu, que inclusive é questionado dentro de Israel”.
Lembrou que o presidente Lula foi o primeiro presidente brasileiro a pisar no território de Israel, em 2010, quando defendeu a resolução 181 da ONU que prevê a existência de dois estados, o que vem sendo negado desde 1967 pelo Estado de Israel. Desde que Netanyahu e a extrema direita tomaram conta do governo israelense, acrescentou o deputado, vêm promovendo anexações de terras e assentamento de judeus em terras palestinas, o que é a causa fundamental dos conflitos que se estabelecem ali. “Quem deveria ter vergonha é essa extrema direita brasileira que defende golpe no Brasil e que defende o genocídio que está acontecendo na Palestina, mas isso não é condenar o povo judeu e não é ser antissemita. Isso é condenar crimes de guerra que estão sendo estabelecidos”. Quem tem que pedir desculpas, acrescentou Pepe, não é o presidente Lula. “É Netanyahu, que tem que pedir desculpas à humanidade pelos crimes de guerra que vem cometendo”.
O deputado Leonel Radde lembrou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu já afirmou que Hitler só queria expulsar os judeus da Alemanha. O parlamentar citou várias outras figuras públicas, parlamentares, ex-ministros e até o ex-presidente Bolsonaro que já fizeram alusão ao Holocausto e ao nazismo com palavras elogiosas, sem que houvesse qualquer escândalo ou sensibilização. Radde também recordou que ao exercer a Presidência da República, Jair Bolsonaro recebeu a presidente do partido neonazista alemão.
“Eu tenho convicção que o que aconteceu com relação ao atentado terrorista do Hamas é imperdoável, criminoso e deve ser combatido no mundo inteiro. O que defendem os extremistas, tanto os fascistas que hoje administram Israel quanto os fundamentalistas extremistas do Hamas, como qualquer grupo desse tipo, eu abomino. Os extremistas de retroalimentam. A extrema direita fascista alimenta o fundamentalismo islâmico e grupos radicais, na medida em que radicaliza a sua atuação com violência.”
Para Radde, o que está acontecendo a partir do atentado terrorista do Hamas é uma resposta desproporcional do estado fascista de Israel. “Quando nós chamamos de estado fascista de Israel, estamos nos direcionando ao governo fascista de Benjamin Netanyahu, que, inclusive, tem resistência e oposição interna em Israel.”
Texto: Claiton Stumpf e Adriano Marcello Santos
Foto: Debora Beina