sexta-feira, 22 novembro
A presidente da Comissão de Educação da AL/RS, a deputada Sofia Cavedon, conversou com a direção que também apontou problemas no currículo escolar e na estrutura da escola
Um dos colégios estaduais mais tradicionais de Porto Alegre, Inácio Montanha, é uma das 22 instituições de Ensino Médio localizadas na região central. São atendidos cerca de 1.100 jovens de diversos bairros da capital e cidades próximas da região metropolitana. Conforme Sofia, tem se tornado cada vez mais difícil para os alunos se deslocarem até a escola, já que desde a pandemia, enquanto a rede pública não havia voltado às aulas presenciais, foi votado na Câmara de Vereadores o fim da meia passagem escolar.
“Em 2021, o governo Melo retirou a isenção da passagem alegando que isso impedia a redução do valor do transporte público, mas, não houve diminuição alguma. Porto Alegre, continua entre as dez passagens mais caras do país”, alega a deputada.
Estudantes com renda familiar de até R$ 1.650 podem receber 75% de desconto. A isenção diminui de acordo com a renda. Caso chegue a R$ 2.220, já não é possível conseguir o benefício. “Atualmente, muitos dos nossos alunos faltam às aulas por não ter dinheiro da passagem”, conta a vice-diretora do turno da noite, Laura Farias.
Além dos alunos, professores também perderam a gratuidade na segunda passagem.
“Muitos professores lecionam em mais de uma escola, estamos gastando muito dinheiro em condução e nossos salários já são baixos”, lamenta a diretora Maria Luísa S. Kircher.
Vou à Escola 
Projeto aprovado pela Câmara em 2010, de autoria da Sofia, à época como vereadora, Vou à Escola disponibiliza isenção integral para estudantes de baixa renda do ensino público que não conseguem vaga em escolas próximas à residência. De acordo com documentos concedidos pela direção da instituição, em fevereiro de 2023, 56 alunos do Inácio Montanha, fizeram pedidos para serem contemplados no Programa. Somente em julho, tiveram retorno que, apenas 34 obtiveram o auxílio.
“Nossos estudantes e professores não podem ficar desamparados assim. Vamos encaminhar uma reunião com o Ministério Público e com a Empresa Pública de Transporte e Circulação”, garante Sofia.
Além disso, uma Audiência Pública está prevista para acontecer em fevereiro na Comissão de Educação, para tratar sobre o assunto.
 Base curricular 
Conforme a base curricular enviada pela Coordenadoria Regional de Educação (CRE) à escola, muitas disciplinas importantes ficarão de fora do currículo escolar. Somente os primeiros anos terão filosofia. Já os segundos e terceiros, perderão a iniciação científica. Sociologia e espanhol se mantém no currículo com um período por semana. Além disso, os itinerários que são projetos, oficinas ou grupos de estudos escolhidos pelos estudantes, irão ocupar um espaço maior na grade, motivo de preocupação entre os pais e a direção.
“São quatro períodos por semana que eles poderiam estar tendo aula de química, física, língua portuguesa, é isso que cai no Enem”, reclama a diretora.
Para Sofia, existem muitos assuntos legais para aprender com os itinerários, mas, que deveriam ser assuntos transversais a todas as matérias.
“Com essa base curricular, eles cavam um abismo entre os alunos do Ensino Público e Privado. Desse jeito não tem como competir”, afirma a deputada.
Temporal
A luz voltou na escola somente oito dias após o temporal que assolou Porto Alegre, no dia 16 de janeiro. Mas, esse não foi o único problema. Em um dos telhados entrou chuva, alagando o corredor da instituição que, há anos, a direção pede para que seja trocado. De acordo com Maria Luísa, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Escolares da Secretaria da Educação, quer fazer um remendo no telhado que já foi feito tempos atrás. “Em 2009, a empresa que fez a obra, levantou o telhado inteiro, colocou placas de zinco embaixo e depois o telhado em cima de volta e não adiantou”, conta a diretora.
Além disso, a grade da lateral da escola foi destruída com o impacto de uma árvore que caiu com a forte ventania. Até o momento, o gradil não foi consertado.
Em conversa com o subsecretário de Obras da Educação, Vinícius Piccini, Sofia pediu um olhar atento para os reparos na escola e também para a subestação de energia, outro grande problema estrutural nunca resolvido. “O projeto elétrico já está pronto pela Secretaria, mas ainda não vieram realizar a obra. Não dá para ligar os ar-condicionados e no verão os alunos ficam com calor”, afirma o vice-diretor Luiz Passinato.
Mobilizados e esperançosos, a comunidade escolar espera que, pelo menos, alguns dos reparos consigam ser concluídos antes do início das aulas.
Texto e Fotos: Hiashine Florentino
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