quinta-feira, 21 novembro

Os trabalhadores da Segurança Pública estão desistindo da profissão no governo de Eduardo Leite. Mais de 100 policiais deixaram a Polícia Civil nos últimos dois anos. Somente em 2023, 64 profissionais pediram exoneração. O número é 48,8% maior que em 2022, com 43 exonerações registradas e 300% maior que em 2020, quando apenas 16 policiais civis deixaram a polícia. Os números fazem parte de um levantamento feito pelo Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm). A divulgação do levantamento levou o deputado Leonel Radde (PT) a solicitar audiência com o chefe de Polícia do Estado, delegado Fernando Sodré.
No encontro realizado na manhã desta quarta-feira (10), o parlamentar apontou o arrocho salarial dos policiais como o principal motivo para os pedidos de exoneração e pediu atenção especial do chefe de Polícia. “Nossa preocupação é com os 300% de aumento nas exonerações da Polícia Civil nos últimos anos, principalmente durante o governo Eduardo Leite, por isso levamos ao chefe de Polícia nossa preocupação com a reposição inflacionária e reestruturação das carreiras para que se tornem mais atrativas para os policiais”, disse. Nos últimos cinco anos, durante os governos de Eduardo Leite, os policiais tiveram apenas 6% de reposição salarial, contra uma inflação de 58%.
O deputado aproveitou o encontro para solicitar a garantia de licenças remuneradas para policiais que participam dos jogos policiais, que o sistema Consultas Integradas forneça aos policiais um alerta sobre as necessidades especiais de pessoas com problemas psiquiátricos no momento das abordagens e que os policiais feridos em serviço recebam a promoção devida. “Estamos atentos a essas pautas e sempre juntos na luta por uma melhor segurança pública, pelo serviço público do Rio Grande do Sul”.
De acordo com a Ugeirm, as reformas previdenciárias, estadual e federal, que acabaram com a integralidade da aposentadoria dos policiais, as condições precárias de serviço e a grande sobrecarga de trabalho também são causas das baixas no efetivo. Como consequência, a perda de policiais gera sobrecarga de trabalho, com maior realização de horas extras e esgotamento e adoecimento dos policiais. O impacto do déficit de servidores, acaba sendo sentido pela população, pois as equipes de plantão têm menos gente para atendimento e para atuar nas investigações. Hoje, a Polícia Civil conta com cerca de 5 mil policiais. O efetivo, em meados dos anos 1990, chegou a ser de 6,4 mil policiais.
No governo Tarso Genro, a Polícia Civil passou por um processo de valorização e qualificação do seu quadro funcional. A implantação da tabela de subsídios atraiu policiais para os concursos e motivação para os servidores que já estavam na instituição. O resultado foi a queda nos índices de criminalidade e o reconhecimento da sociedade aos serviços prestados pela Polícia Civil. Agora ao achatar os salários e negar a valorização dos policiais, o governo Eduardo Leite envereda por um caminho inverso que está acabando com todos os avanços conseguidos na última década.

 

Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747

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