Municipalização ameaça continuidade de escolas no campo

O fechamento de escolas no campo a partir da municipalização imposta pelo Governo Leite, foi tema dos assuntos gerais na reunião da terça-feira (21/11) da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, presidida pela deputada Sofia Cavedon.

Para tratar do assunto, a Comissão contou com a participação virtual do presidente da Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Estado, Wagner Rogério Bohn, que questionou o deslocamento dos estudantes para escolas que estão distantes da sua comunidade e lembrou que há dificuldade de muitos municípios com o transporte escolar. Wagner lembrou que a distância e as alterações climáticas que atingem o RS, também são elementos que contribuem para evasão na meio rural. O dirigente defende que as crianças do meio rural permanecem em escolas rurais, desde que elas tenham qualidade estrutural e bons professores. Para ele, a territorialização das escolas é importante para os estudantes e o deslocamento do meio rural para a cidade, coloca os estudantes num ambiente escolar distante do seu cotidiano. Wagner denunciou ainda que desde fevereiro, a Associação está reivindicando à Secretaria de Educação (Seduc/RS) a reativação do Comitê Estadual de Educação no Campo, para debater melhor as questões envolvendo a municipalização das escolas. Para Wagner as escolas rurais contribuem para a permanência no campo, com qualidade e garantem a sucessão familiar das propriedades.

A deputada Sofia garantiu que a Comissão vai formalizar o pedido de reativação do Comitê junto à Seduc e afirmou que esses fóruns de discussão são muito importantes para dar voz às comunidades escolares. “Cada uma das cidades precisa fazer a sua discussão, o seu planejamento, com sua Câmara de Vereadores, com seu Conselho Municipal, se é positiva a municipalização, se agrega, se amplia o direito à educação. Tem que ser mais do que uma mera prefeiturização da Educação, ainda mais quando o município tem dificuldades em garantir a Educação Básica, o turno integral, a EJA. Tem que avaliar!”

A parlamentar informou ainda que a Conferência Estadual de Educação, realizado no fim de semana anterior a reunião, repudiou os projetos para a Educação apresentados pelo Governo Leite e pediu a retirada da pauta, para que o conjunto do sistema de Educação possa discutir o tema.

Julio Ricardo Hoerlle, diretor da Escola Estadual de Ensino Médio São José do Maratá, manifestou preocupação com o processo de municipalização da instituição que existe há 65 anos no município. Hoerlle afirmou que o processo tende a esvaziar a escola, a partir da retirar das séries iniciais, pela perda da relação comunitária. O diretor afirmou que a escola atende filhos de agricultores familiares, que acabaria perdendo o vínculo.

Sofia afirmou que as crianças no nível fundamental precisam estudar em escolar próximas as sua casas e que é inaceitável retirar as turmas fundamentais, porque o processo esvaziaria a escola.

 

Texto: Adriano Marcello Santos
Foto: Joaquim Moura