segunda-feira, 25 novembro
A instalação de um campus do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) em Cachoeira do Sul pautou a audiência pública realizada nesta quarta-feira (9) no Plenário Edgar Müller da Câmara de Vereadores da cidade, que teve sua lotação esgotada. Por medida de segurança, centenas de pessoas foram encaminhadas à Casa de Cultura, localizada em frente à sede do legislativo municipal, para assistir à audiência por meio de um telão instalado. Durante mais de uma hora, comunidade local e representantes de diversos municípios da região Centro, além de gestores públicos, entidades vinculadas aos meios acadêmicos, estudantis, sindicais e empresariais, discutiram – e defenderam – a importância de uma unidade do IFFar no contexto de desenvolvimento econômico e ampliação do acesso da juventude a uma educação profissional e de qualidade. A solicitação para a realização da audiência foi apresentada pelo deputado estadual Valdeci Oliveira. “Esta audiência somente está ocorrendo por conta do compromisso do governo do presidente Lula em investir fortemente na formação profissional e tecnológica e por conta da organização das comunidades. E este é o primeiro passo. Outros ainda deverão ser dados”, afirmou Valdeci na abertura dos trabalhos, lembrando ainda que o “movimento não é do ‘eu’, mas do ‘nós’, e esse plenário mostra que Cachoeira está totalmente envolvida”. “Assim como a administração pública, a educação pública também precisa de transparência. E é por isso que estamos aqui”, disse Nídia Heringer, reitora do IFFar após fazer a apresentação do perfil, das atividades e dos números do Instituto. Na avaliação de Heringer, além do envolvimento de toda a sociedade, se trata também de “um trabalho conjunto entre os executivos municipal e federal. E se me perguntarem lá no MEC onde acho que devem ser instalados direi que é onde já houver possibilidade de colocar estudantes imediatamente em sala de aula. E todas as ofertas (de cursos) nós faremos a partir da discussão com a comunidade de Cachoeira do Sul e da região. Educação gera mais democracia, conhecimento, gera uma sociedade mais consciente de seus potenciais e das suas possibilidades. E numa sociedade cada vez mais diversa precisamos trabalhar juntos”, ressaltou a reitora.

“Quem tem educação tem tudo, pois ela possibilita às pessoas que escalem degraus em suas vidas. Muitos que estão aqui serão contemplados, assim como (futuramente) seus filhos e netos”, destacou o presidente da Câmara, Magaiver Dias (PSDB). “Cachoeira do Sul precisa do IFFar e o Instituto também se valerá de Cachoeira para o seu crescimento. Neste momento nada é mais importante que a vinda do IFFar para o município. Todos ganham”, frisou o prefeito José Otávio Germano, que garantiu já possuir três locais para a instalação da unidade. Cachoeira do Sul conta hoje com unidades da UERGS, UAB, UFSM e Ulbra e busca ampliar esse perfil. “Não queremos o IFFar como um troféu, mas para sermos um polo regional de educação”, afirmou Júlio Mafuz, coordenador do movimento pela instalação do Instituto na cidade. “Nos últimos anos houve cortes significativos em políticas públicas, incluindo a educação, por conta da EC-95 (Teto de Gastos), que limitava os investimentos do governo federal em todas as áreas. Agora, com o novo arcabouço fiscal, que ainda precisa ser concluído, abre-se espaço para voltarmos a sonhar com a ampliação do ensino técnico e profissional de qualidade nas cidades-polo. E isso de fato está acontecendo, isso é muito significativo”, disse o deputado Pepe Vargas (PT), lembrando que a educação se firmou como um dos principais destaques elencados pela população na plenária estadual do Plano Plurianual Participativo do governo federal, realizada em junho, em Porto Alegre. “O IFFar em Cachoeira do Sul não é importante apenas para o ingresso dos estudantes, mas também como potencial para o desenvolvimento econômico, social e cultural. E precisamos fortalecer esse conjunto de argumentações, essa percepção junto aos governos. Sei o quanto as políticas de ampliação do ensino superior permitiram que os filhos da classe trabalhadora pudessem entrar na universidade e ter a transformação em suas trajetórias”, avaliou a deputada estadual Laura Sito (PT).

Após as manifestações, destaques e sugestões feitas pelos presentes, foi definido pela criação de um grupo de trabalho, a ser formado por um membro titular e um suplente de cada uma das entidades – públicas, privadas e sociais –  presentes à audiência. Intitulado Comitê Permanente de Defesa da instalação do Campus do IFFar em Cachoeira do Sul, ele será responsável pela organização das informações e realização de reuniões de planejamento para a formatação de um projeto a ser posteriormente encaminhado para avaliação e análise do Ministério da Educação.

Organizados pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (CECDCT), encontros como o desta quarta-feira em Cachoeira vem sendo realizados com o mesmo propósito desde junho, iniciando em Ijuí e com a participação de diversas localidades do entorno. A partir de pedidos protocolados por Valdeci junto à CECDCT, as regiões de Santa Maria, São Luiz Gonzaga e Santiago também organizaram suas audiências durante o mês passado. Santa Cruz do Sul já tem debate marcado para o dia 23/8 e requerimento para atividade similar em São Gabriel, apresentado por Valdeci em conjunto com a colega Adriana Lara (PL), já foi aprovado em reunião do colegiado, mas com data ainda a ser definida.

As mobilizações dos municípios estão ocorrendo em sintonia com a proposta feita pelo governo Federal de retomada do plano de fortalecimento da rede federal e ampliação da educação profissional e tecnológica no país e conforme o estudo elaborado no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFFar, em 2019, mas não levado adiante pelo governo anterior. O objetivo do Ministério da Educação (MEC) é o de entregar 320 campi até 2026 e chegar a mil unidades espalhadas pelo Brasil.

Texto:
Tiago Machado – MTE 9.415
Marcelo Antunes – MTE 8.511
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