sexta-feira, 22 novembro

 

O vereador de Cachoeirinha, David Almansa (PT) denunciou no espaço de Assuntos Gerais da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, a agressão física de seu chefe de Gabinete, Cristiano Kingeski pelo prefeito municipal Cristian Wasem (MDB) e pelo secretário de Infraestrutura Cleo Pereira, durante um evento público no último final de semana.

Segundo relatou à presidenta da Comissão, deputada Laura Sito, o próprio vereador foi testemunha do episódio. Almansa tem fiscalizado principalmente os contratos públicos, onde indícios de irregularidade na compra de lousas digitais, levaram o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS) a abrir processo para investigar sobrepreço (valor acima do média) na aquisição dos equipamentos. O vereador também denunciou a compra irregular de aparelhos de ar-condicionado para escolas, sem planejamento financeiro, que estão armazenados sem previsão de instalação. Almansa informou ainda que o município mantém 10 contratos emergenciais, em diversas funções importantes da administração e realizados sem licitação, o que segundo o parlamentar, é o mesmo modus operandi que afastou o prefeito anterior. O vereador também informou que tem seus pedidos de informação sobre contratos de empresas terceirizadas negados e que denunciou a intervenção do prefeito no Conselho Municipal de Saúde, impondo nomes de sua base política.

Almansa afirmou que ao exercer o papel de fiscalização, se tornou alvo de agressões por parte do prefeito Wasem. O vereador revelou que não é a primeira vez, que o alcaide partiu para agressão física, tendo ele próprio sido vítima, ano passado, mas optou por não representar judicialmente. Almansa contou que durante a eleição teve o próprio carro danificado por um partidário do atual prefeito.

A mais recente agressão física ocorreu durante um show na cidade, onde o prefeito, seus secretário de Infraestrutura e de Mobilidade Urbana, estavam e passaram a agredir o chefe de Gabinete do vereador com socos na cabeça e no rosto. “Nós fizemos exame de corpo-delito que comprovou a agressão ao Cristiano. Nós denunciamos na imprensa. Entramos com um representação. Temos algumas imagens e vamos atrás de outras. Vamos pedir a abertura de um inquérito contra o prefeito. Ontem fiz essa fala na Tribuna que não encontra solidariedade do mundo político, porque para muitos lá em Cachoeirinha, a violência é um componente da política, para eles,” desabafou. O vereador diz que buscou a Comissão de Direitos Humanos porque teme por sua vida.

Cristiano Kingeski afirmou que Cachoeirinha vive um ambiente político de guerra, desde o período eleitoral. o chefe de Gabinete do vereador detalhou o episódio no evento quando ele próprio foi agredido pelo prefeito e pelo secretário municipal. “Eu tenho 15 anos de militância política e nunca tinha visto isso. Em Cachoeirinha a disputa política se resolve no soco, na bala, na ameaça. Lá os instrumentos não são nem um pouco republicanos,” afirmou.

Kingeski denunciou que que há um sistema de corrupção instalado no município, o mesmo que levou a cassação do prefeito anterior, e que agora está sob nova administração, por isso o papel fiscalizador do mandato do vereador Almansa tem provocado reação violenta por parte do prefeito Wassem e dos secretários suspeitos de irregularidades.

Para a presidenta da Comissão, deputada Laura Sito, a violência na política tem sido naturalizada no Brasil nos últimos anos, o que subverte a política e esvazia o debate público. Laura considerou graves as denúncias trazidas pelo vereador e seu assessor e afirmou que a Comissão vai oficiar o Ministério Público, a Prefeitura Municipal de Cachoeirinha e os próprietários da espaço onde o evento ocorreu, para que possam dar sua própria versão dos acontecimentos denunciados. “Em um semestre, este já é o terceiro caso de violência política que chega nesta Comissão e nós precisamos estar muito atentos. Nós ainda não temos os mecanismos adequados para tratar destes temas, mas é papel do Legislativo fomentar a elaboração deles, para garantir um mínimo de dignidade no ambiente político.”

A deputada Luciana Genro (PSol) afirmou que o crescimento da extrema-direita tem fomentado um ambiente de violência no meio político. A parlamentar sugeriu à presidenta Laura, a realização de uma grande audiência pública na Assembleia Legislativa para tratar do tema da violência política.

 

 

Texto: Adriano Marcello Santos

Foto: Thanise Melo

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