Zé Nunes presta homenagem pelos 15 Anos da Agefa

Zé Nunes presta homenagem pelos 15 Anos da Agefa

Nesta quinta-feira (22), no período do Grande Expediente, o deputado Zé Nunes (PT) prestou homenagem pelos 15 Anos da Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas (Agefa). Ele falou sobre sua história, perfil das escolas agrícolas e sua importância para a sucessão rural. Ao final, disse que infelizmente o governo do estado esvaziou programas de desenvolvimento rural e não tem um projeto de desenvolvimento, causando reflexos nesse setor da educação de base comunitária.  “A Agefa busca fortalecer e promover uma educação contextualizada aos filhos e filhas de agricultores familiares nas regiões onde atua, para construir o fortalecimento da agricultura via a educação do campo, respeitando os seus quatro pilares de sustentação, a formação integral, o desenvolvimento do meio, a associação local e pedagogia da alternância”, afirmou o parlamentar. Ele destacou que isso possibilita ao jovem a opção de elaborar projetos de vida junto às suas comunidades no campo.

A Agefa foi fundada em 25 de julho de 2008. A entidade é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, composta por agricultores e agricultoras familiares, jovens egressos e famílias dos estudantes de Escola Família Agrícola, que surgiu da necessidade de uma educação do campo contextualizada em tempo integral, que oportuniza o acesso ao ensino médio e técnico agrícola via a pedagogia de alternância. O objetivo é contribuir com a construção de vínculos de identidade com o campo, com perspectiva de permanência da juventude no meio rural com qualidade e dignidade, explicou o deputado. “A pedagogia da alternância é a possibilidade de o estudante vivenciar por um período, o tempo escola e, por outro, o tempo comunidade. Incorporada à grade curricular estabelecida pelo MEC, são ministradas disciplinas de agroecologia, manejo animal, agricultura e agroindustrialização. Sem dúvida, um belo exemplo de modelo diferenciado de educação para a juventude do campo”, afirmou.

Conforme o deputado destacou, as Escolas Famílias Agrícolas (EFAS) vêm estabelecendo e se inserindo em um amplo debate regional, em fóruns que tem foco na agricultura familiar, no desenvolvimento sustentável e na produção de alimentos saudáveis na perspectiva da agroecologia. Ele recordou que o governo Tarso criou o Bolsa Juventude e falou sobre as necessidades atuais. “Há necessidade de incentivo à pesquisa, formação de professores e a retomada das mostras pedagógicas, em que o trabalho de pesquisa dos alunos possa ser valorizado e visibilizado, como acontecia em anos anteriores. Os recursos financeiros para a manutenção das escolas seguem defasados há muitos anos”. Além disso, destacou a importância da melhor remuneração dos funcionários das escolas e da pauta da inclusão digital.

O Rio Grande do Sul possui 27 Escolas Técnicas Agrícolas, que, em sua maioria, carecem de ampliação de recursos humanos e  financeiros e de readequação de cursos técnicos, acrescentou o deputado. Nunes esclareceu que o  perfil dos alunos das escolas agrícolas vem mudando. “Há dez anos, 80% eram filhos de agricultores. Hoje já temos mais de 50% do meio urbano.  A alteração ocorre em razão do êxodo rural, mas a entidade representativa dos técnicos (Agptea) analisa que essa situação está mudando, pois começa a ocorrer um movimento inverso. Na cidade está se observando que a vida no meio rural pode ser boa”, disse. Zé Nunes ainda disse que o país está voltando a apoiar políticas para a produção de alimentos.

Em aparte falaram os deputados Leonel Radde (PT), Elton Weber (PSB) e Edivilson Brum (MDB). Participaram o presidente da Agefa, Marcio Luis Manske; a superintendente adjunta da Educação Profissional do Estado (Suepro), Luciane Dutra Oliveira; o presidente a Aefasul, Jair Xavier; o vice-presidente da Aefasol, Rodrigo Bredow; a representante da Aefaserra, Sonia Sbersi da Silva; o representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural, Marcos Lima; o representante do MDA, Vinicius Pasquotto; a estudante da Efasul, Gislaine Almeida de Lima; e integrantes da Agefa.

EFAs no estado e Brasil – Atualmente as EFAs gaúchas contam com 644 estudantes matriculados em curso e ensino médio e técnico em agricultura, agropecuária e agroecologia, bem como tem 607 egressos, oriundos de 66 municípios do estado, de 220 comunidades do campo gaúcho. As EFAS estão presentes no Brasil desde 1969 e atualmente o movimento compreende 155 escolas em 16 estados do Brasil, tendo a representação nacional via União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil (Unefab), da qual a Agefa é filiada.  Zé Nunes recordou que, baseada em experiências de outros estados do Brasil há 54 anos, e com suas raízes firmadas na transformação da vida das pessoas via educação do campo, as EFAs buscam contribuir com o desenvolvimento regional sustentável, com foco na formação da juventude do campo, entendendo-a como um poderoso instrumento de organização social, principalmente nas comunidades rurais, em busca de possíveis soluções e oportunidades para uma qualificada formação da juventude.

A Agefa representa e articula quatro Escolas Famílias Agrícolas no Rio Grande do Sul, que estão presentes desde o ano de 2009 com a implantação da primeira EFA no Sul do Brasil: a Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc), localizada na cidade que lhe dá o nome; a Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra), sediada em Caxias do Sul e fundada em 2013; a Escola Família Agrícola de Vale do Sol, que surgiu em 2014; e a Escola Família Agrícola da Região Sul (Efasul), que surgiu em 2016 e está sediada em Canguçu.

A manutenção das EFAs se dá com recursos oriundos das famílias que contribuem com a manutenção da escola, além de convênio via Projeto de Lei com diversos municípios nas regiões de atuação, associações, cooperativas, empresas, bem como recursos via parceria com a Secretaria de Educação do Estado, que viabiliza o acesso ao Fundeb, conquista através do Pronacampo . “Aliás, é urgente uma política de Estado para além do Fundeb, específica para o fortalecimento e manutenção das EFAs”, ponderou Nunes.

Texto: Claudia Paulitsch

Foto: Joaquim Moura