A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos em parceria com Itamaraty finalizou na tarde da terça-feira, 30 de maio, o processo de resgate de um gaúcho de 20 anos de idade, que estava trabalhando em Dubai em condições análogas à escravidão. Ao desembarcar, o jovem foi acolhido pelos órgãos responsáveis pela investigação e ouvido no Aeroporto Salgado Filho.
Aliciado para jogar futebol no time Al Rams Clube, o jovem foi dispensado por sentir cãibras após um mês. O empresário do jovem, responsável por levá-lo até Dubai, sugeriu que ele ficasse hospedado na casa de um empresário brasileiro e trabalhasse na fábrica de cosméticos do mesmo. Após meses sem receber o salário, trabalhando 15h por dia, sofrer agressões e ser obrigado a realizar tarefas domésticas na casa do suposto empresário, o jovem conseguiu fugir de onde era mantido em cárcere e entrou em contato com a CCDH.
O colegiado contatou o Itamaraty para garantir seu acolhimento na Embaixada em Abu Dhabi. Ainda, em março deste ano, a família entrou em contato com a deputada Laura Sito em busca de auxílio para o resgate do jovem e pagamento de uma multa migratória de R$10 mil. Pois, neste caso, devido à portaria MRE nº 402, de 22 de junho de 2022, decretada pelo governo Bolsonaro, o Itamaraty não pode arcar com valores. Após negociações, através de uma vaquinha, o valor foi pago e as passagens foram emitidas pelo Ministério de Relações Exteriores.
Para a presidenta da Comissão de Direitos Humanos, Laura Sito, este “é mais um caso que mostra a estrutura racista no futebol e que, a cada dia, vem nos mostrando que isso já não cabe mais no Brasil, nem no restante do mundo”, ainda acrescenta que “estamos virando apenas mais uma página de um imenso capítulo sobre o tráfico para trabalho escravo que nunca deixou de existir”, afirma a deputada estadual Laura Sito.
Segundo a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, o grupo deverá seguir trabalhando junto às instituições responsáveis pelo caso na busca de garantir que o esquema seja investigado com profundidade e evitar que mais jovens passem por essa situação. Outro ponto levantado pela CCDH é a alteração da portaria criada durante o governo Bolsonaro que quase impediu a volta do jovem ao Brasil.
Texto: Thanise Melo
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