A privatização da Corsan pelo governo de Eduardo Leite segue por vias nebulosas. O Estado está impedido de concluir o processo desde o final de 2022, em razão de decisões da Justiça do Trabalho e do Tribunal de Contas do Estado.
No Tribunal de Contas, pairam dúvidas (sempre reiteradas em pareceres do Ministério Público de Contas) de possíveis informações privilegiadas para a empresa que arrematou a estatal e especialmente sobre a formulação do preço mínimo de venda. Na Justiça do Trabalho, não foram esclarecidas questões sobre a forma como os funcionários da empresa serão tratados, com a garantia de seus direitos.
Ao contrário do que diz, em nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), não é destravando um processo de venda mal executado pelo Governo do Estado, que a Corsan passará a ter investimentos. A estatal é uma empresa superavitária, que no final de 2022, segundo seu próprio balanço trimestral, registrou lucro de R$ 1,2 bi, sem somar rendimentos aplicados.
A opção de não investir em obras de saneamento não tem nenhuma relação com falta de recursos da empresa. Trata-se de uma decisão política, baseada em um dogma econômico que sustenta que a gestão privada é superior a gestão pública, sem que haja qualquer evidência objetiva sobre essa crença ideológica.
Na mesma nota, a Fiergs cita como fonte, seu próprio conselheiro Ricardo Portella, para garantir que o valor pago pelo negócio, não será utilizado pelo governador Leite para despesas correntes, como pagamento da folha de pagamento.
Curiosamente, na última semana, um representante da Federação, em entrevista à uma rádio gaúcha, criticou a privatização da estatal Sulgás, cuja medida de aumentar a tarifa, elevou os custos de produção de todo o setor industrial.
O processo de transferência dos serviços de água tratada e esgoto para a iniciativa privada é um grande fracasso onde foi adotado. São 312 cidades em 36 países, que reverteram as privatizações, com a mesma alegação de que a promessa de entrega de bons serviços, geração de economia para o governo e mais investimentos, jamais se concretizaram.
Não faz nenhum sentido, portanto, apostar na mesma fórmula fracassada, esperando resultados diferentes.
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