Conhecido como a “Terra dos Canyons”, o município de Cambará do Sul pode passar a ser reconhecido como a Capital do Mel de Florada Nativa. Isso porque a Comissão de Constituição e Justiça aprovou por unanimidade, por 10 votos a zero, nesta terça-feira (23), o parecer favorável ao Projeto de Lei 56/2020. De autoria do deputado Zé Nunes, o projeto agora segue para o Departamento de Assessoramento Legislativo que avaliará se ele passará por mais alguma comissão ou se será encaminhado para a votação em plenário.
Conforme o autor do projeto, além do turismo, movimentado pelas belezas naturais da cidade, a produção agropecuária tem papel fundamental na economia local e a produção de mel é uma atividade reconhecida pela diversidade e qualidade. A região dos Campos de Cima da Serra é privilegiada pela natureza com belos campos nativos, que se somam com as florestas nativas do Bioma Mata Atlântica e com formações geológicas magníficas que conformam os imponentes canyons.
Segundo levantamento, o município conta com 42 mil hectares de mata nativa. “Com essa diversidade ecológica produz-se vários de tipos de mel, com qualidade reconhecida nacional e internacionalmente. É na região que é produzido o mel de melato da Bracatinga, um mel escuro, diferenciado, produzido a partir da secreção da cochonilha, inseto sugador que vive associado à espécie Bracatinga (Mimosa scabrella), uma árvore nativa do Sul, que se torna hospedeira”, explica o deputado Zé Nunes, que é coordenador da Frente Parlamentar da Apicultura e Meliponicultura. O mel é produzido em época de escassez de néctar, a partir do líquido açucarado expelido pela cochonilha ao se alimentar da seiva da Bracatinga. “Esse mel tem mais sais minerais comparado a outros. A produção é a cada dois anos, por isso esse mel é sucesso no mercado internacional, com alto valor agregado, tem na região das serras dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná a sua região produtora”.
De acordo com o parlamentar, outro produto especial da região é o mel branco, claro, produzido a partir da árvore Carne de Vaca, espécie nativa da floresta de Araucária, presente na região da Serra. “A cor vermelha da madeira lembra a carne. Porém, as flores produzem um néctar que retirado pelas abelhas resulta na produção de um mel de cor branca. A produção destes produtos está associada com a preservação do meio ambiente”, salienta. A interação do trabalho do apicultor, presença de abelhas e existência de espécies nativas em um ambiente preservado, traduz-se em um processo produtivo que resulta em mel isento de contaminações e de alta qualidade.
Cambará do Sul tem organização de apicultores que tem história, a Associação Cambaraense de Apicultores (ACAPI) e a Associação dos Apicultores dos Campos de Cima da Serra (APICAMPOS). A região está em processo de consolidação da Rota do Mel dos Campos de Cima da Serra, que vai articular vários municípios em projeto de desenvolvimento territorial. “Diante desse contexto geográfico, ambiental, econômico e histórico, avalio que o Município de Cambará do Sul que tem na atividade uma base produtiva fundamental, envolvendo aproximadamente 120 produtores, merece o reconhecimento do Parlamento gaúcho”, argumentou Zé Nunes.
Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747