domingo, 24 novembro

Fotos: Joaquim Moura-PTSul

A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia  promoveu, no início da noite desta terça-feira (18) audiência pública para tratar da situação da alimentação escolar, da falta de cozinheiras, de auxiliares de cozinha e de problemas estruturais nos refeitórios das escolas da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul (RS). O debate foi conduzido pela deputada Sofia Cavedon (PT), presidente do Colegiado.

Preliminarmente, a deputada mencionou o recebimento, pela Comissão, de pedidos de socorro de 29 escolas. Entre estas solicitações, segundo a parlamentar, está a da escola Canelinha, de turno integral com mais de mil alunos, que tem apenas uma merendeira efetivada. “o próprio governo, no seu diagnóstico de problemas de infraestrutura e de necessidade de reformas da rede pública, no início do ano, nos diz que em relação a cozinhas e refeitórios, 710 escolas necessitam de reformas”, apontou.

Ainda exemplificando o cenário, Sofia Cavedon citou também o relatório técnico do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A avaliação, sobre os índices de qualidade de infraestrutura escolar, registra que no RS 31,6% dos refeitórios não tem espaço adequado e que 31% dos refeitórios e cozinhas não são acessíveis. “Nós identificamos também que as escolas gaúchas não possuem nutricionistas, apenas em algumas coordenadorias regionais de educação aparecem técnicas em nutrição. Além disso, é generalizada a carência de pessoal nas escolas para preparação de alimentos e para limpeza”, registrou.

Sofia ressaltou, ainda,  o valor extraordinário da alimentação escolar diante do pós pandemia, da evasão escolar, do aumento da fome, do desemprego e da vulnerabilidade de parte da população.

Na sequência da audiência, representantes de escolas e sindicatos apresentaram seus relatos de problemas, como o caso da escola Tuiutí de Gravataí, onde estudam cerca de 800 alunos, em três turnos. A vice-diretora da escola contou que o problema é a interrupção da presença de merendeiras, acarretando na descontinuidade no preparo da alimentação.

A falta de pessoal nas cozinhas escolares também foi destacada pelo vice-presidente do Cpers/Sindicato, Edson Garcia. Ele disse que o problema é a falta de pessoas nas escolas para preparar, servir e posteriormente limpar os refeitórios e cozinha. “Não adianta mandar alimentos se não tem quem prepare a merenda, ou não ter infraestrutura para o preparo.” Garcia salientou que existe um cardápio irreal, com alimentação quente, mas não há funcionários suficientes para elaborá-lo. “Há muita obrigação no preparo e higienização do local, mas pouca gente para trabalhar efetivamente”, revelou.

Em seu depoimento, Marcio Boelter, vice-diretor da escola Neusa Pacheco, de Canela, expôs a necessidade de mais merendeiras. A escola disponibiliza, diariamente, cerca de 2,5 mil refeições a seus alunos.

Também se manifestaram a defensora pública Andréia Paz Rodrigues; a representante do Conselho Estadual de Alimentação Escolar, Berenice da Costa; a presidente do Cedica/RS, Simone Romanenco; Rômulo Saraiva, da Seduc, diretores de escolas, estudantes e mães de alunos.

Matéria da Agência de Notícias da ALRS

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