Pepe Vargas presta homenagem aos 90 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul

Pepe Vargas presta homenagem aos 90 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul
Foto: Debora Beina
O deputado Pepe Vargas (PT) prestou homenagem aos 90 anos do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e região (STIMMME), no período do Grande Expediente da sessão plenária desta terça-feira (11), no Plenário 20 de Setembro. Ele defendeu o fortalecimento das entidades sindicais, mencionou o papel do sindicado em diversas questões que envolvem a vida da sociedade e falou dos objetivos da entidade. Também mencionou a relevância das pautas da política industrial, dizendo que elas são importantes para o desenvolvimento da indústria e do país. Destacou que nesses 90 anos o sindicato desenvolveu lutas e firme defesa da democracia, dos direitos da categoria e de uma sociedade mais justa e igualitária, enfrentando repressão e crescendo, se consolidando como uma das maiores e mais combativas entidades sindicais do país.
O movimento sindical entre os metalúrgicos de Caxias do Sul surgiu por volta de 1928. Inicialmente, citou o deputado, os trabalhadores e trabalhadoras participavam da Sociedade dos Metalúrgicos que fazia parte da sociedade União Operária. Na época, as reivindicações ocorriam pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e regulamentação das relações de trabalho a partir da carteira profissional. “Em março de 1933 foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e região, e se iniciou sua consolidação como instrumento de luta da categoria. Nesse período, havia grande repressão ao movimento sindical”, recordou Pepe.
A maior mobilização foi possível a partir dos anos 50, em um ambiente mais democrático, conforme observou o parlamentar ao ler um documento da entidade que menciona sua história. “Em 1963 os metalúrgicos e metalúrgicas da cidade organizaram uma das maiores greves da história da cidade. A categoria reivindicava melhores condições de trabalho, melhores salários e ações por parte do governo para melhoria da vida dos trabalhadores e trabalhadoras”. Nesse período, recordou Pepe, a liderança de Bruno Segalla destacou-se. O metalúrgico, presidente do sindicato, foi uma figura importante na cidade, tendo ocupado cargos como vereador e deputado estadual, além de exercer sua atividade como artista plástico, sendo responsável também pelo busto de Bento Gonçalves em bronze, que se encontra na Assembleia Legislativa.
Repressão
O golpe civil-militar de 1º de abril de 1964 inaugurou um ciclo de dura repressão ao movimento sindical brasileiro, destacou Pepe. “Lideranças operárias foram perseguidas e entidades sindicais foram desmanteladas. Em 9 de abril de 1964 o sindicato dos metalúrgicos sofreu intervenção do Ministério da Guerra, que nomeou um general interventor da entidade. Foi um tempo de muito arrocho salarial. Em 1967, a ditadura acabou com a indenização de um mês de salário por ano trabalhado e com a estabilidade de emprego a partir de 10 anos de empresa, por exemplo. Essas medidas facilitaram a demissão em massa e a contratação com salário reduzido”. Pepe prosseguiu: “Nos anos 70 e 80, o modelo autoritário excludente dos governos militares encontrou a forte resistência do movimento sindical nas ruas. Algumas das reivindicações do movimento eram por melhores condições de trabalho, aumento salarial, ações de combate ao desemprego, ações de combate à inflação, pelo direito à greve e pela redemocratização do país. Assembleias, greves e mobilizações foram realizadas para a luta por direitos, e o sindicato firmou posição clara e contundente nas campanhas de redemocratização, como as Diretas Já e pela Constituição Cidadã de 1988”.
Já na década de 90, disse Pepe, os trabalhadores e trabalhadoras enfrentaram o neoliberalismo representado pelos governos de Collor e FHC, “cuja política econômica colocou o Brasil em um período de perda de direitos, crescimento da inflação e privatização de serviços públicos”. Conforme destacou, a venda do país e a retirada de garantias sociais só não foi maior pela resistência nas ruas. “O movimento sindical esteve firme, defendendo um projeto de país soberano e mais desenvolvido, longe da lógica de Estado mínimo para o povo e Estado máximo para as elites”. Pepe fez referência às dificuldades enfrentadas e às grandes campanhas realizadas, em que o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e região conquistou a confiança da categoria pela sua combatividade e resistência.
Ascensão
O parlamentar destacou, ainda, que a ascensão do movimento sindical iniciada nos anos 80 e a firme resistência nos anos 90 elevaram a capacidade de mobilização e luta dos metalúrgicos e metalúrgicas caxienses. “A partir dos anos 2000, o metalúrgico Assis Melo foi eleito presidente, e o sindicato se consolidou de vez na posição de uma das maiores e mais combativas entidades sindicais do país. Assis Melo foi eleito o vereador mais votado da história de Caxias do Sul e, posteriormente, eleito deputado federal”, citou Pepe.
O parlamentar falou dos direitos conquistados nesse período, entre os quais, dissídios de 2003, 2010 e 2020, que ficaram entre os maiores reajustes do país. Se referiu às movimentações realizadas, como por exemplo, relativas à luta contra a Emenda 3, em 2007, uma das maiores mobilizações do país. “Em 2017 e 2019, duas greves gerais convocadas no país também tiveram mobilização na cidade. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas em defesa de direitos que estavam sendo atacados pela reforma trabalhista e previdenciária. Mais recentemente, em 2020, mesmo com o cenário da pandemia, os metalúrgicos e metalúrgicas caxienses conquistaram um dos maiores reajustes salariais do país”.
Em aparte falaram Bruna Rodrigues (PC do B), Elton Weber (PSB), Luciana Genro (PSol), Elizandro Sabino (PTB) e Guilherme Pasin (PP). O presidente da Assembleia Legislativa se somou às homenagens, em nome da Presidência e Mesa Diretora.  Participaram o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Assis Flávio da Silva Melo; o superintendente regional do Trabalho e Emprego do RS, Claudir Nespolo; o presidente da central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil no Rio Grande do Sul, Guiomar Vidor; o vereador Renato Oliveira, representando da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul; o diretor de Relações Institucionais da Câmara da Indústria e Comércio de Caxias do Sul, Mauro Bellini; a ex-deputada Marisa Formolo; o presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS, Antônio Augusto Medeiros, entre outros convidados e representantes de entidades.
Texto: Claudia Paulitsch – MTB 9095