Deputado Adão Pretto prestigia a 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico

Representando a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Adão Pretto Filho (PT) participou nesta sexta-feira (17) da 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, realizada em Viamão, no Assentamento Filhos de Sepé. No local vivem 375 famílias, que têm como base de produção a agroecologia. Além de assentados de todas as regiões do estado, o evento reuniu lideranças, autoridades e apoiadores da política de reforma agrária, inclusive de outros países, como Cuba, Guatemala, Argentina e Venezuela. Entre os participantes, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, e o ex-governador Olívio Dutra.

Um dos pontos altos foi a tradicional colheita simbólica na lavoura,que foi comemorada com cantoria, aplausos e o grito de ordem “Viva a Reforma Agrária”, como reconhecimento às famílias que optaram por produzir alimentos saudáveis e preservar o meio ambiente. Adão Pretto destacou que hoje é um dia para comemorar e reafirmar o compromisso com a Reforma Agrária Popular. “Olhando as máquinas colhendo e produtores, eu confesso que fiquei emocionado. Esse é um grande exemplo de que a Reforma Agrária dá certo, que a agroecologia e a produção de alimentos são viáveis”, ressaltou.

Conforme Nelson Krupinski, do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, realizar a Festa da Colheita num território 100% livre de agrotóxicos e de transgênicos é simbólico e reforça o compromisso do MST com a vida. “Aqui são produzidas mais de sete mil toneladas de arroz orgânico, mas também tem hortaliças, feijão, milho, pacíficos.” Ele agradeceu aos parceiros do movimento e entidades de pesquisas que ajudaram a viabilizar, há mais de 20 anos, o cultivo de arroz orgânico através de inúmeros experimentos.

O MST lidera, pelo décimo ano consecutivo, a maior produção de arroz orgânico da América Latina, conforme o Instituto Riograndense de Arroz (Irga). A estimativa é colher mais de 16 mil toneladas na safra 2022/2023, em uma área de 3,2 mil hectares, segundo levantamento do Grupo Gestor. A produção, que envolve 352 famílias e sete cooperativas, ocorre em 22 assentamentos localizados em nove municípios das regiões Metropolitana, Sul, Centro Sul e Fronteira Oeste do estado. As principais variedades plantadas são de arroz agulhinha e cateto.

O município sede do evento é conhecido como a Capital do Arroz Orgânico, título que foi conferido a partir da Lei 4.751/2018, de autoria do então vereador e hoje deputado Adão Pretto. Esse reconhecimento é fruto do trabalho cooperado das famílias assentadas, que além de contribuírem com a economia local, transformaram Viamão no maior produtor de arroz orgânico do Rio Grande do Sul. Lá, são cultivados 1.600 hectares do alimento.

Para reafirmar o comprometimento com a agroecologia e avançar na sustentabilidade, o MST inaugurou hoje a Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi. A partir dela, os assentados poderão produzir seus próprios insumos, o que é sinônimo de mais autonomia e menos dependência das grandes empresas, além de crescimento da renda das famílias e melhoria da fertilidade do solo.

Ato político, anúncios e reivindicações

A Festa da Colheita também contou com ato político. O ministro Paulo Teixeira ressaltou que o presidente Lula tem responsabilidade com a reforma agrária e que a melhor forma de combater a pobreza e a miséria no campo é permitir, entre outras questões, o acesso dos trabalhadores à terra e ao crédito. “Estou colocando em debate um modelo de reforma agrária que seja de ocupação por agrovilas, com infraestrutura de luz e internet, com agroindústrias e cooperativas que possam desenvolver a terra. Nós queremos educação no campo e remodelar os créditos para que os mais pobres acessem, que contemplem as cooperativas e desenvolvam agroindústrias no campo”, informou.

João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST, reforçou que o objetivo do movimento é produzir alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos e sem trabalho escravo, em referência aos recentes casos ocorridos no RS. Destacou ainda a importância da organização social, para contribuir com o governo Lula e mudar a política econômica. “A fome é o ponto zero. Mas só dar comida não resolve o problema do Brasil. O que resolve é construir um outro projeto de nação, com soberania, e que de fato faça as mudanças estruturais no país”, observou.

Durante o ato, ocorreu a assinatura de três contratos do crédito Apoio Inicial, a fim de ajudar os camponeses a enfrentarem a estiagem no RS. Também foi entregue a proposta do primeiro projeto do PAA para contemplar 5,6 mil famílias de 27 entidades populares de Porto Alegre, envolvendo 12 cooperativas do MST e mais de 1 mil famílias assentadas, além de demandas de dois projetos estruturantes da cadeia produtiva do arroz agroecológico, expressos na unidade de beneficiamento de sementes e na indústria do arroz parboilizado.

A direção nacional do MST entregou reivindicações ao governo federal. O documento pede o assentamento imediato das 65 mil famílias acampadas no país, que vivem nesta situação há mais de 10 anos, e também a constituição de políticas públicas para as 500 mil famílias que já estão assentadas, com garantia de crédito estrutural e assistência técnica para organizar a produção de alimentos e impulsionar o desenvolvimento. Outro ponto é sobre investimentos na educação do campo, especialmente por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O objetivo é se reunir em breve com o centro do governo federal para discutir a pauta.

A programação também contou depoimentos sobre direito humano e alimentação, momento que contou com a participação da culinarista Bela Gil. Ela disse que não é possível falar em comida saudável sem falar em reforma agrária, e que tem muita esperança de que, com o atual governo, essa questão seja resolvida.

Também prestigiaram as festividades Edegar Pretto, próximo presidente Conab; parlamentares do PT, PSol, PCdoB e PDT; e representantes do governo do Estado, da Secretaria-Geral e da Comunicação Social da Presidência da República (Secom), de diversas entidades, universidades e movimentos sociais.

Texto: Catiana de Medeiros (MTB 16569)