A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa recebeu nesta quinta-feira (9), a convite do deputado estadual Zé Nunes (PT), representantes da cadeia produtiva da proteína animal (leite, aves e suínos), para falar sobre a crise no setor. A Comissão vai solicitar reunião com o governador do Estado e com o secretário de Desenvolvimento para apresentar a situação.
Conforme Zé Nunes, o debate evidenciou a real situação estrutural do setor. “Estamos alertando sobre os impactos dos cortes de créditos presumidos no setor desde 2021, quando o governo do Estado já demonstrava desconexão com a atividade produtiva, e desconsiderava o potencial da nossa produção. Leite precisa se posicionar, e parar de ignorar esta crise”, criticou.
Para ele, os grandes grupos econômicos conseguem, a partir da sua ação dentro do mercado e atuando na área financeira, mascarar a realidade, porque possuem empresas em muitos lugares. “Já as pequenas e médias empresas e as cooperativas que atuam no foco da produção, enfrentam dificuldades gigantescas. Temos fatores conjunturais e estruturais que precisam ser olhados de frente e superados, e para isso, precisamos de uma decisão de governo, do governador”, declarou. “Se não conseguirmos resolver a questão do ICMS, com condição real de competitividade no RS, a cadeia vai definhar. Corremos o risco de perder uma das cadeias mais históricas de nosso Estado”, finalizou.
O deputado defende algumas medidas emergenciais como questões tributárias e apoio para abastecimento de milho, o principal insumo para alimentação animal. O RS importa boa parte do milho que utiliza do Estado do Mato Grosso. As cadeiras de proteína animal gaúchas estão perdendo competitividade. Também defende alterações nos limites de crédito do Pronaf, medida que beneficiará agricultores e cooperativas.
De acordo com o vice-presidente executivo Dalia Alimentos, Igor Weingartner, o cenário aponta para um 2023 sem possibilidade de ajustes. “Os insumos chegam a custar 100% a mais do que anos atrás, o preço das embalagens, do combustível e do frete dispararam. A taxa de juro inviabilizou as empresas. A soma desses fatores fez com que o custo de produção de 1kg de proteína chegasse a um valor que a receita não cobre”, explicou. O impacto disso, segundo Weingartner, será a impossibilidade das empresas desse segmento se manterem no mercado, já que a crise se estende há mais de dois anos. “Se não conseguirmos avançar com soluções, a indústria vai se desmobilizar, e teremos o encolhimento dessa produção”.
“Para sermos competitivos, precisamos que o Estado esteja ao nosso lado. Precisamos de uma medida de equilíbrio, de um oxigênio para a indústria avícola”. Essa é a avaliação do presidente da Organização Avícola do RS (ASGAV), José Eduardo dos Santos.
Texto: Marcela Santos (MTE 11679)