domingo, 24 novembro
Fotos: Vanessa Vargas

Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragem – Mab –  em parceria com o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) inauguraram, no final da tarde desta segunda-feira (06/03), a exposição Arpilleras Bordando a Resistência. A solenidade, que ocorreu no Espaço Carlos Santos da Assembleia Legislativa, deu início à mostra de bordados em “Arpilleras”, como é chamado o tecido “juta” em português. O diferencial dessa arte, entretanto, são as temáticas, que denunciam a situação das famílias moradoras de áreas atingidas pela construção de barragens, a privatização da água e da energia, a destruição do meio ambiente, etc.

A técnica de Arpilleras foi utilizada nas décadas de 1970 e 1990, no Chile, durante a ditadura de Augusto Pinochet. Naquela oportunidade, as imagens bordadas denunciavam os desaparecimentos de ativistas contrários ao regime daquele período.

Para a representante do MAB, Alexania Rossatto, a exposição no Legislativo, que reúne 14 telas de juta bordadas, destaca a força e organização das mulheres trabalhadoras para fazerem uma “bela luta em defesa da água pública e da vida”. Também marca, além do 8 de março, o Dia dos Atingidos por Barragens (14/03) e o Dia Mundial das Águas (22/03)”.  “Já são 10 anos que o Movimento trabalha com Arpilleras. É uma luta em defesa da vida, da justiça, contra o feminicídio, lembrando a nossa companheira Débora, assassinada pelo companheiro em Viamão”, disse Alexania, rememorando a coordenadora do Movimento, morta pelo marido em setembro de 2022.

A dirigente também defendeu a retomada da Política Estadual dos Direitos dos Atingidos por Barragens, criada durante o governo Tarso Genro e derrubada pelo governador Eduardo Leite. “Precisamos restituir esta política para garantir os direitos dessas populações”, reforçou.

O deputado Jeferson destacou o fato de os bordados marcarem mais do que a “defesa do espaço de consciência e de produção dos atingidos, mas a arte de homens e mulheres que querem o fim do preconceito e da injustiça”. Ele contou que conhece a situação das populações que moram na beira do Rio Uruguai e são ameaçadas pela ação de grandes empresas que pretendem construir usinas hidrelétricas “pouco se importando com as famílias afetadas. “As mulheres sofrem ainda mais quando são vitimadas por essas situações no momento em que uma família é retirada desses espaços, sem indenização. Precisamos trazer essa discussão para o interior do Parlamento. E esta exposição pauta o debate”, observou.

Representando a Defensoria Pública do RS, a Dra. Lisiane Hartmann salientou a importância da presença masculina na solenidade de abertura da exposição. “Só podemos mudar um pouco do tanto de injustiças de que essas mulheres são vítimas com a participação de todos e todas. Precisamos que todos estejam envolvidos nessa luta”, frisou.

Carla Froes, do Ministério Público do Estado do RS, destacou as interiorizações do órgão para chegar mais próximo das populações, e corroborou a relevância da participação de todos e todas na luta contra o feminicídio. “Não podemos mais ter o protagonismo de um só órgão. É fundamental o trabalho de toda a sociedade para fazer o enfretamento da violência contra as mulheres”, decretou.

Participaram da inauguração ainda a deputada Sofia Cavedon (PT), o deputado Leonel Radde (PT), a representante do gabinete do senador Paulo Paim, Leonita de Carvalho; o prefeito de Barra do Guarita, Rodrigo Locatelli, entre outros.

Mostra Arpilleras Bordando a Resistência– Segundo o Movimento, a mostra é composta por um conjunto de 14 telas de uta, “costuradas por muitas mãos de mulheres atingidas por barragens. Cada peça traz, de maneira artística, criativa e contundente, o testemunho das violações de direitos sofridas por mulheres nas barragens que sangram rios e pessoas do norte ao sul do país.

A exposição estará aberta ao público de 6 a 10 de março, na Galeria dos Municípios, Espaço Carlos Santos, na Assembleia Legislativa.

Texto: Andréa Farias (MTE 10967)

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