Representante da Oscip Guayí fala sobre lutas do Dia Internacional da Mulher

Foto: Paulo Garcia
No período da Tribuna Popular, na sessão ordinária desta quinta-feira (2), a representante da Oscip Guayí, Adriane Nunes Cordonet, da Coordenação de Comunicação e Formação, falou  sobre o Dia Internacional da Mulher, como primeiro ato público do movimento de mulheres neste mês. “Nossa chamada para todas estarmos na rua neste dia 8 é em defesa da vida e dos direitos das mulheres! Sem Anistia para os golpistas!”, anunciou. Ela mencionou números de dados sobre violência contra a mulher e defendeu a democracia, apresentando bandeiras e pautas. “Sendo nós mulheres a principal fonte de renda da maioria das famílias trabalhadoras desse país, segue existindo a diferença salarial entre homens e mulheres, e essa diferença é brutal se compararmos o salário entre homens brancos e mulheres negras, a diferença salarial entre gêneros só faz contribuir para seguirmos construindo a desigualdade social e convivermos com a miséria aumentando em nosso país e estado”, apontou Adriane.
“Após quatro anos de um governo fundamentalista como o de Jair Bolsonaro, conseguimos, finalmente, respirar”, disse, comentando que foi um período de ódio contra as mulheres, os indígenas e a população negra, o desprezo com todas as pessoas que pertencem à classe trabalhadora, que somado à crise econômica e à pandemia, resultou em aumento do desemprego, da fome, da miséria, da violência física e psicológica. “Não é possível permitir que aqueles que defendem a ditadura militar e a tortura, e que organizaram e financiaram a invasão dos três poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, saiam impunes”, declarou. Acrescentou que é preciso pôr fim à misoginia, ao racismo e à LGBT+fobia “entranhada no Estado capitalista que destrói as políticas sociais tão necessárias à garantia de nossas vidas”.
A oradora apresentou reivindicações do movimento: aumento real do salário mínimo acima da inflação; perdão das dívidas das famílias mais pobres e taxação das grandes fortunas; valorização salarial para as trabalhadoras essenciais como profissionais da saúde, da educação e da limpeza urbana; revogação da reforma do ensino médio; defesa do programa nacional de habitação voltado à moradoras de áreas de risco, e mulheres vítimas de violência doméstica; criação de uma política eficaz de combate à morte materna e que contemple os nossos direitos reprodutivos; ações contra a violência obstétrica, pela humanização do parto e do puerpério; direito ao Aborto como Política de Saúde Pública e ações para ampliação de serviços de aborto legal e de atendimento às mulheres e meninas vítimas de violência sexual; construção de redes de apoio e casas abrigo para mulheres em situação de violência com seus filhos; e defesa do SUS e do SUAS. “Que nenhuma menina precise evadir da escola por falta de absorvente. Que se garanta a Dignidade Menstrual a todas as meninas, mulheres e pessoas que menstruam”, defendeu. Por fim, mencionou as feministas latino-americanas: Precisamos de Educação Sexual para decidir; Contraceptivo para não engravidar e de Aborto Legal e seguro para não morrer”.
Números da violência – No primeiro semestre de 2022, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres. No Rio Grande do Sul uma mulher é agredida a cada 22 minutos, citou. “Passados oito anos da promulgação da Lei 13.104, o Brasil bateu recorde de feminicídios, registrando 699 casos no primeiro semestre de 2022. Somos, há 14 anos, o país que mais mata pessoas trans. Foram 131 em 2022”. Mencionando casos de mulheres negras, disse que  elas são 67% das vítimas de feminicídios e 89% das vítimas de violência sexual. “As mulheres negras são as maiores vítimas da violência urbana direta e indiretamente. A construção de uma sociedade feminista e antirracista é o caminho para que consigamos alcançar um país com justiça social e igualdade para todas, todes e todos”, afirmou Adriane. Ela também defendeu a revogação da Lei de Alienação Parental – LAP e direitos das mulheres com deficiência e de mães atípicas. Falou depois da pauta pelo direito de permanecer na escola, seja mãe e adolescente, seja uma chefe de família, incluindo o direito das crianças à vaga nas escolas e creches, além do direito à educação relativa ao ensino superior.
Falando em nome das feministas da Marcha Mundial das Mulheres e da Rede de Economia Solidária e Feminista, a RESF, ressaltou que é necessário o reconhecimento do trabalho invisibilizado, o trabalho considerado de mulher que é o trabalho reprodutivo e de cuidados como indispensável para o bem viver e para o desenvolvimento sustentável e democrático de comunidades e da sociedade.
Fonte: Agência de Notícias ALRS