sexta-feira, 22 novembro

Comitiva de ministros esteve nesta quinta-feira (23) em Hulha Negra, na região da Campanha

Comitiva no Assentamento Meia Água, em Hulha Negra. Foto Leandro Molina.

 

Uma comitiva com três ministros do governo Lula esteve nesta quinta-feira (23) em Hulha Negra, na região da Campanha do Rio Grande do Sul, para acompanhar de perto o drama de famílias que sofrem, pelo quarto ano consecutivo, com os impactos da estiagem, além de anunciar medidas de socorro aos agricultores gaúchos. A região tem 58 assentamentos e cerca de 3.500 famílias assentadas pela política de reforma agrária. As agendas aconteceram no assentamento Meia Água.

Os ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta; e o próximo presidente da Conab, Edegar Pretto, chegaram por volta do meio-dia ao assentamento, onde foram recebidos por cerca de 100 pessoas. Eles visitaram o lote da família Santos, que não vê chuva há mais de 90 dias. Lá, foi apresentado um diagnóstico da grave situação da região: pastagens secas, açudes sem ou com pouca água, animais debilitados, falta de água para consumo humano, quebra na produção de leite e outras culturas, e dívidas com o banco. Também ocorreu o plantio de mudas de pitangueira e aroeira em simbologia à vida e a entrega de cestas com produtos da reforma agrária à comitiva. Depois do almoço, na presença do governador Eduardo Leite, foi feito o anúncio das medidas do governo federal para enfrentamento da estiagem no estado, num ato que reuniu aproximadamente 600 pessoas.

Os ministros informaram que o presidente Lula autorizou o repasse de R$ 430 milhões para ações emergenciais, nas áreas da agricultura, desenvolvimento social e defesa civil, a fim de ajudar pequenos agricultores e assentados. Desse valor, R$ 300 milhões são do MDA. Será criada uma segunda parcela do crédito instalação, no valor de R$ 5,2 mil, para atender 10 mil famílias assentadas, com rebate entre 90 a 95%. Também se constituirá o Microcrédito Produtivo Rural, para atingir até 40 mil agricultores familiares mais vulneráveis, que receberão R$ 6 mil.

Já do MDS serão destinados R$ 24 milhões para atender cerca de 10 mil famílias da região que têm baixa renda e que estão cadastradas no Programa Fomento Rural. Será um total de até R$ 2,4 mil cada, dividido em duas parcelas, para estímulo e manutenção da produção da agricultura familiar. Ainda, numa parceria com a Conab, serão distribuídos alimentos para as famílias mais vulneráveis, totalizando mais de R$ 5 milhões em investimentos. Por meio do MDR, serão destinados R$ 100 milhões para municípios em situação de emergência, para aquisição de cestas básicas, contratação e manutenção de carros-pipa para abastecimento de água.

Além disso, 30 mil famílias gaúchas terão o pagamento antecipado do Bolsa Família, a partir do dia 20 de março, será prorrogada a Declaração de Aptidão ao Pronaf por mais um ano e criado um fórum de discussão com o governo do Estado, entidades do campo e as prefeituras, para dar continuidade às ações de enfrentamento à estiagem. Conforme o ministro Paulo Teixeira, a partir da criação do grupo de trabalho, uma das prioridades é solucionar as dívidas dos agricultores. “Lula pediu para construirmos políticas de curto, médio e longo prazo”, adiantou.

A região foi escolhida para o anúncio por ser uma das mais prejudicadas pela falta de água no estado, devido à estiagem combinada com o avanço da mineração. O resultado, em épocas como essa, é a redução drástica dos reservatórios de água para o consumo humano e dos animais, além da baixa ou até mesmo inexistente produtividade de alimentos. Isso acaba impactando na renda das famílias e na economia local. 

Para Roberta Coimbra, que é assentada na região Sul e acompanhou as agendas dos ministros, o socorro do governo federal é uma importante saída para a crise que os agricultores vivem nos últimos anos. Ela destaca que, até então, o problema era tratado pelo poder público somente de forma emergencial, mas que agora há a possibilidade de avançar com uma política estruturante. “Hoje, todo o estado está mobilizado para que a gente monte, junto ao governo Lula, um plano estratégico de combate à estiagem. Nós queremos estruturas que deem condições das famílias viverem no campo, tomando água potável, produzindo comida, mantendo o bem-estar dos animais. Que nos deem condições de ajudarmos, com a produção dos assentamentos, a combater a fome no Brasil”, salienta.

Conforme levantamento da Emater, divulgado no dia 13 de fevereiro, a estimativa de perdas para os principais produtos agropecuários em Hulha Negra soma mais de R$ 60,5 milhões. Na produção de milho grão, os prejuízos passam de R$ 2,9 milhões; e na cadeia do leite, de R$ 3,1 milhões. Ainda há perdas nas culturas de mel, soja, milho para silagem, apicultura e bovinocultura de corte. Já em Candiota, muitos açudes estão secos e outros praticamente só possuem água de má qualidade. A prefeitura publicou decreto de alerta por causa da escassez hídrica dos mananciais de abastecimento. 

De acordo com  Edegar Pretto, este momento de anúncios foi construído com muito diálogo, desde o primeiro momento em que o governo Lula foi procurado pelos movimentos sociais e entidades do campo. “São recursos para atender as emergências, especialmente daqueles que mais precisam do Estado nessa hora. Com esses 430 milhões, nós vamos garantir o básico, como crédito e comida para os seres humanos e animais. Mas logo começaremos também a tratar com o governo do Estado a renegociação das dívidas, para amenizar o sofrimento das famílias”, reforçou.

Até o momento, dos 497 municípios gaúchos, 332 já decretaram situação de emergência em decorrência da estiagem. Dos sete municípios da Campanha, somente Dom Pedrito não decretou, ainda que sofra com a falta de água. 

Também participaram das agendas com os ministros representantes de outros ministérios, como o da Agricultura, agricultores familiares, assentados, lideranças de movimentos do campo e deputados das bancadas estadual e federal do PT.

Crédito: Leandro Molina

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