sexta-feira, 22 novembro

Em cerimônia realizada nesta quarta-feira (16), na sede do Parlamento estadual, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira (PT), promulgou, dentro das comemorações do Mês da Consciência Negra, a resolução que instituiu o Troféu Sirmar Antunes, que a partir do ano que vem integrará a premiação Assembleia Legislativa de Cinema Gaúcho no Festival de Cinema de Gramado. Sirmar, falecido no dia 6 de agosto passado, além do seu trabalho no teatro, TV e nas telonas, foi também, como militante do Movimento Negro, referência na luta contra o preconceito e o racismo. “O parlamento cumpre o seu papel em reconhecer e colocar o nome de alguém que, ao longo da sua trajetória profissional, não apenas fez cinema e arte, mas foi um lutador contra o preconceito e o racismo. E na atual conjuntura, essa homenagem se encaixa muito bem, pois temos de ser sempre contra a intolerância, o ódio, a exclusão. Que essa homenagem ao Sirmar sirva de exemplo aqueles que não compreenderam o novo momento que estamos vivendo”, afirmou Valdeci.

O ato, que contou com presenças de diversos representantes da cultura riograndense – entre gestores públicos, atores, diretores e produtores do setor audiovisual – também serviu para a entrega, in memorian, do prêmio de melhor ator conquistado por Sirmar no ano passado no 6º Festival de Cinema Tamoio, de São Gonçalo (RJ). O troféu foi entregue pelo cineasta Luís Alberto Cassol, que dirigiu Sirmar em alguns trabalhos, à irmã do artista, a professora Sílvia Maria Antunes Corrêa. “Agradeço pelo legado dele continuar, era alguém que trabalhava para que todos fossem para frente, não somente ele”, lembrou, emocionada, Sílvia Maria.

Também compareceram à cerimônia a secretária estadual da Cultura, Beatriz Araújo, o coordenador da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra do parlamento, Yuri Lucena, o diretor do Instituto Estadual de Cinema do RS, Zeca Brito, o produtor e diretor Domingos Costa e o deputado Giusepe Riesgo, entre outras personalidades.

 

O Lanceiro Negro das Artes

Sirmar, cuja carreira teve início na década de 1970, participou de diversos projetos ao longo de quase meio século, entre peças de teatro, séries, novelas, especiais de TV, longas e curtas metragens. No cinema, o Lanceiro Negro das Artes, como o chamavam, atuou, entre outros filmes, em O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda (1986), curta de Jorge Furtado e João Pedro Goulart, e nos longas Lua de Outubro (2001), de Henrique de Freitas Lima; Netto Perde Sua Alma (de 2001, pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no festival CinePE, em Pernambuco, e Os Senhores da Guerra (2012), de Tabajara Ruas; Em Teu Nome (2009) e A Superfície da Sombra (2017), de Paulo Nascimento; e Cidade Dormitório (2018), de Evandro Berlesi.

Além de participar da disputa no campo da tela grande, Sirmar também integrava júris de festivais, como o de Gramado – em que no ano passado recebeu o troféu Leonardo Machado – e no Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), onde em 2019 foi homenageado como ator convidado e agraciado com o troféu Vento Norte. Ambas premiações se deram pelas mais de quatro décadas de dedicação, trabalho e defesa da cena cultural do RS.

Em 2001 recebeu prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival Recife do Teatro Nacional pela interpretação em João Cândido Vive. Em 2018, recebeu a distinção de Melhor Ator na Mostra Gaúcha de Curtas/Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema, juntamente com Clemente Viscaíno, pela atuação no curta Grito. Em 2010, Sirmar foi homenageado com a mais alta honraria do Parlamento Gaúcho, a Medalha do Mérito Farroupilha, também em reconhecimento à sua trajetória no teatro e cinema e contribuição ao desenvolvimento cultural do estado.

Texto: Marcelo Antunes – MTE 8.511

 

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