O Movimento Rio Grande Contra a Fome, força-tarefa capitaneada pela Assembleia Legislativa do RS, que inclui a colaboração de outros poderes e instituições de estado (Executivo, Judiciário, Ministério Público, TCE e Defensoria Pública), arrecadou no último final de semana pouco mais de 3 toneladas de alimentos não perecíveis. As doações foram concretizadas a partir da parceria estabelecida entre o Comitê Gestor do Movimento e a Opinião Produtora, empresa responsável pela administração do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, que instituiu o formato “ingresso solidário” (com desconto no valor da entrada mediante a entrega de donativos) em shows realizados no Auditório, que na sexta-feira (28) e sábado (29) contou com apresentações do cantor Zeca Pagodinho e banda. Até o final do ano serão mais cinco shows com esta opção de ingresso, que busca chamar a atenção para a importância da solidariedade e fortalecer ações emergenciais em segurança alimentar. No estado, estima-se em mais de 1 milhão de pessoas que diariamente não têm acesso ao mínimo necessário para sua sobrevivência.
Nos dois dias, logo após o fechamento dos portões, uma equipe do Movimento Rio Grande Contra a Fome, que acompanhou o recebimento das doações no local, contabilizou o que foi arrecadado (1,5 toneladas e 1,7 toneladas, respectivamente) e imediatamente fez a entrega à Central de Doações da Defesa Civil Estadual, localizada no Centro Administrativo Fernando Ferrari, na Capital. “Foi um sucesso, as pessoas participaram, muita gente trouxe, inclusive, quantidades superiores ao que era estabelecido, entenderam que quem tem fome tem pressa”, avaliou Paola Carvalho, coordenadora-executiva da ação. Ao mesmo tempo em que avalia que somente com um conjunto articulado de políticas públicas fortes de inclusão e distribuição de renda se poderá superar o grave momento atual, Paola destaca que as ações do Movimento Rio Grande Contra a Fome têm sua importância porque focam no emergencial e buscam envolver também outros agentes da sociedade civil. “Toda política pública, entre ser gestada e colocada em prática, leva algum tempo para trazer resultados efetivos. Temos que considerar ainda que o problema da fome é estrutural, político, econômico e que envolve também muito preconceito racial, de classe e de gênero. E neste momento temos no país mais de 33 milhões de pessoas que não têm o que comer e aqui no RS superamos a marca de 1 milhão de famintos. A questão é urgente”.
Ações e parcerias
Na primeira quinzena de outubro o Movimento Rio Grande contra a Fome recebeu do Tribunal de Justiça do RS o repasse de 4,5 toneladas de alimentos, doados ao TJRS pelo Sindicato da Indústria do Arroz de Pelotas (SINDAPEL) e pela a Associação Comercial de Pelotas (ACP). A primeira doação ao Movimento, quando do seu lançamento, em junho passado, foi de cinco toneladas de arroz e veio de uma empresa gaúcha, localizada na região Fronteira Oeste. A doadora pediu para não ter o nome divulgado, alegando que tem como objetivo “reforçar a solidariedade sem publicidade”. E em conjunto com a ação, a temporada 2022 do Sarau do Solar, espetáculos musicais organizados pelo Departamento de Cultura da Assembleia Legislativa a cada 15 dias e de forma gratuita, conta com a doação por parte do público de dois quilos de alimentos não perecíveis como ingresso solidário.