O atual diretor-geral do Instituto Fome Zero e ex-diretor-geral da Agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano, foi recebido nesta quarta-feira (27) na presidência da Assembleia Legislativa. Graziano está em Porto Alegre para participar como painelista na 8ª Conferência de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS (VIII CESSANS-RS), cuja realização conta com o apoio logístico e institucional do Parlamento gaúcho. Graziano foi recebido pelo superintendente-geral da ALRS, Genil Pavan, pela chefe de gabinete da presidência, Eluza Rafo, e pela coordenadora-executiva do Movimento Rio Grande Contra a Fome, Paola Carvalho.
Na conversa, a importância de políticas públicas e a participação e organização da sociedade civil em ações que mitiguem e combatam a falta de acesso das populações mais vulneráveis a alimentos em quantidade e qualidade suficientes. “Poucos lugares estão fazendo um movimento como esse”, afirmou Graziano ao saber sobre o ‘Rio Grande Contra a Fome’, articulação da presidência da ALRS junto aos demais Poderes do estado para promover o engajamento, a coleta e a distribuição, junto à Defesa Civil, de donativos não perecíveis que estão sendo canalizados a diferentes entidades em todas as regiões do estado. “Com fome não há chance de coesão social”, completou o dirigente. Estimativas oficiais indicam que no estado hoje aproximadamente 14% da população sofre com algum tipo de restrição alimentar – grave, moderada ou leve. “Estamos vivendo um retrocesso que só vi em países africanos em guerra. Se trata de um retrocesso secular”, avaliou Graziano citando os números da pesquisa da Rede Penssan, que apontam 33 milhões de brasileiros e brasileiras que diariamente não tem o que comer. “Mas se considerarmos os outros tipos de insegurança alimentar chegamos a 62 milhões de pessoas, uma França de famélicos”, pontuou.
Ao final do encontro, Graziano recebeu cópia do projeto de lei 528/2019, de autoria do presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira, que busca a instituição no Rio Grande do Sul de um programa estadual de Renda Básica. Para ele, a matéria é um exemplo de que não se deve ficar na dependência dos chamados ‘governos de plantão’ e sim buscar a organização da sociedade. “E o parlamento é a instância que a representa. É importante que, além de fomentar a participação social, se promova legislações que ajudem e colaborem (na erradicação da fome)”, disse o ex-diretor da FAO.
Conferência
Após uma série de encontros municipais e regionais, a VIII CESSANS-RS irá debater as causas e consequências do atual cenário de insegurança alimentar que assola parte significativa da população gaúcha e brasileira e propor a formulação de diretrizes para as políticas públicas que garantam o acesso da população à alimentação. O encontro acontece até o dia 28, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.
Também participaram da recepção a Graziano, o representante do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional da AL, Ricardo Haesbaert, , e Juliano de Sá, presidente do Consea/RS, e Potira Preiss, integrante do Conselho.
Texto: Marcelo Antunes – MTE 8.511