Sofia defende modelo de escola inclusiva em detrimento das escolas cívico-militares

Foto Joaquim Moura

O tema das escolas cívico-militares foi abordado pela deputada Sofia Cavedon, durante declaração de líder, em nome da bancada do PT na Assembleia Legislativa na sessão desta terça-feira (5). O tema foi trazido um dia após a realização de audiência pública realizada pela Comissão de Educação que, segundo a deputada foi marcada por manifestações apaixonadas dos defensores das escolas cívico-militares, pela intolerância e desrespeito à democracia.

Conforme a parlamentar, foram muitas vaias e impossibilidades da fala. “Eu acho que neste lugar em que a gente respeita as manifestações, devemos repudiar isso porque o debate da educação com intolerância e com agressão não serve a ninguém”, argumentou, chamando a atenção para a pesquisa do Data Folha, divulgada esta semana, apontando que os brasileiros têm opiniões liberais sobre educação. No levantamento, contratado pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, sete em cada 10 entrevistados concordam que a educação sexual seja abordada no âmbito escolar.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados não se preocupa com ideologia de gênero. A maioria está preocupada com o abandono escolar, que atinge 40% dos alunos. Além disso 76% dos alunos precisam de recuperação, reforço para a retomada do processo educacional, 75% dos estudantes estão tristes porque a pandemia abalou a estrutura familiar e 93% dos brasileiros entrevistados entendem que há de se respeitar todas as religiões na educação. “Vejam que bacana, que boa notícia a evolução societária do nosso brasil em direção a uma escola democrática, multicultural, anti-racismo, libertária, da diversidade, contra a LGBTfobia. Com certeza todos estes são temas pulsantes na sociedade e que precisam estar na escola”, avaliou Sofia.

A crítica que a bancada faz ao modelo cívico militar, segundo a deputada, é que ele separa essas dimensões humanas do comportamento do respeito, da hierarquia do processo escolar. Professor dá aula na sala e quem cuida da organização do espaço, do tempo, da rotina, da ordem unida, da disciplina, serão oficiais militares. “Não concordamos com isso, pois não somos sujeitos duais, não temos duas partes. A escola deve tratar do todo, do sujeito integral e a construção de regras democráticas deve ser feita em sala de aula e respeitada pelos alunos que votam, entendem e as entendem justas para o funcionamento escolar”.

Para Sofia, a falta de diversidade “imposta, pela imposição de uniforme, de padrão de cabelo, padrão do penteado e as filas”, desrespeita a individualidade e é excludente. A manifestação da inquietude e da rebeldia, defendeu, deve ser encarada como um elemento pedagógico para ser problematizado, para ser discutido e tratado entre os educadores e os educandos e não deve ser nunca um fator de exclusão e expulsão das crianças como está descrito na cartilha do Ministério da Educação (MEC) sobre a escola cívico-militar. “Temos que fazer busca ativa, transformar a escola em um lugar de acolhimento de inclusão e de trabalho contra a violência e contra os preconceitos”, defendeu.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)