Cinco décadas nos separam de junho de 1972, ano em que o meio ambiente entrou definitivamente na pauta dos países em nível global. Na Suécia, entre os dias 5 e 16 de junho daquele ano, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo.
Acredito que temos de aproveitar essa referência histórica, que completa 50 anos, para comemorar e, ao mesmo tempo, fazer um balanço sobre o modelo de desenvolvimento e da relação da sociedade com o meio ambiente. Será que evoluímos na proteção ambiental ou continuamos cometendo os mesmos erros?
De lá para cá muita coisa mudou, o mundo está ainda mais globalizado, a ciência e a tecnologia fizeram avanços fantásticos em várias áreas. O conhecimento foi multiplicado e está cada vez mais disponível para acesso das pessoas na internet.
Indiscutivelmente, a legislação ambiental no mundo todo evoluiu muito, tornando-se ferramenta importante de regulação, contribuindo para proteger ecossistemas e diminuir impactos. No entanto, fazendo uma análise mais geral, a ciência nos mostra que estamos provocando grandes impactos no planeta.
O relatório do IPCC sobre as Mudanças Climáticas informa e alerta de forma contundente que o planeta Terra está aquecendo com eventos extremos se multiplicando, o que afeta a vida como um todo, mas especialmente as sociedades humanas, que correm riscos, inclusive, de sobrevivência.
Após 50 anos da Conferência de Estocolmo, evento que marcou a discussão mundial sobre meio ambiente, a constatação é que continuamos trilhando o mesmo caminho, com os mesmos equívocos, perseguindo o mesmo padrão de consumo, a mesma lógica de crescimento econômico, com concentração de renda e exclusão social.
O PIB mundial cresceu muito, mas a renda e a riqueza ficaram concentradas. Em 1972, o governo federal, na época sob ditadura militar, defendeu o crescimento a qualquer custo. Os brasileiros na Conferência queriam o direito de poluir e desmatar. Ficou famosa a frase do representante do Brasil, endereçada aos países ricos: “venham poluir”.
Em 2022, o governo Bolsonaro repete a história como tragédia: o país passa pelo maior retrocesso ambiental em décadas, com mudanças da legislação e ataques sem precedentes na proteção ambiental. A imprensa nos informa que aumentou muito o desmatamento e as queimadas na Floresta Amazônica e no Pantanal, fruto do descaso e na ideia anunciada de “passar a boiada”.
Hoje sabemos muito bem que a destruição das florestas causa impactos profundos no sistema climático do país, que poderá afetar, inclusive, a agricultura do Sul do Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul, o Pampa passa pela maior ameaça com o avanço de lavouras e mineração.
Assim, ao fazer um balanço desses 50 anos desde Estocolmo, concluímos que os problemas ambientais e sociais persistem e são ainda mais graves e urgentes. Temos, portanto, enormes desafios.
É urgente que a sociedade mude essa realidade. O Brasil, país que tem a maior floresta tropical, biodiversidade e a maior reserva de água doce do planeta, precisa ser líder mundial na proteção do meio ambiente. Temos de agir agora em defesa da vida e dos que virão.
Fernando Marroni, deputado estadual