sábado, 23 novembro

 

Uma pesquisa desenvolvida pelos professores Jacson Weber e Chiara Valsecchi, ambos da área de Engenharia da Unipampa do Alegrete, tem demonstrado um enorme potencial para o aproveitamento da casca de arroz. Queimada a uma temperatura de 1500ºC, a casca produz uma cinza capaz de ser utilizada na produção de vidros e outros subprodutos, como microesferas refletoras, que podem ser misturadas à tinta e utilizada na sinalização horizontal de rodovias.

O projeto foi apresentado na manhã desta quarta-feira (25) para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci de Oliveira (PT), através de uma audiência intermediada pelo deputado Mainardi (PT), que conheceu o projeto em uma visita à Unipampa de Alegrete e ficou impressionado com o potencial da pesquisa e a ausência de investimentos na ideia.

A casca de arroz é altamente disponível na Fronteira Oeste, que produz algo em torno de 8 milhões de toneladas de arroz. Segundo o professor Jacson de Menezes, a casca representa cerca de 20% do arroz colhido e, queimada, tem potencial para gerar 20% de cinza, algo em torno de 300 mil toneladas do produto.

Ainda conforme a dupla de pesquisadores, a cinza da casca de arroz substitui com vantagem a areia na produção de vidro e outros subprodutos. “A pesquisa demonstrou esse potencial, mas estamos paralisados pela falta de um forno adequado, que gere calor de 1500º Celsius. Os fornos que temos disponíveis têm limite de 1300º Celsius”, explica Menezes.

O projeto dos professores foi escolhido, junto com outros nove projetos brasileiros, para ser apresentado na Academy Industry Training (AIT), um evento promovido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia da Suiça que visa a promover projetos de alto grau de sustentabilidade. “Sustentabilidade e economia circular são conceitos da nova economia e muito valorizados no mundo. Infelizmente, a Suiça só investe em programas que se desenvolvem por lá”, comenta a professora Valsecchi.

 

R$ 100 mil para o forno

Para adquirir um forno que permita o desenvolvimento pleno da pesquisa, a Universidade ou alguma instituição parceira precisa investir R$ 100 mil reais. “Este é o investimento que viabiliza a continuidade da pesquisa e a produção da cinza necessária para, praticamente, revolucionar a produção de vidro no estado. Um paradoxo que ainda não tenha acontecido”, sintetiza o deputado Mainardi, incentivador do projeto.

A Unipampa, por conta das restrições orçamentárias, entretanto, não tem condições de adquirir o forno necessário e até agora a pesquisa não encontrou o apoio necessário para deslanchar, apesar do empenho dos professores, do presidente da Câmara de Vereadores do Alegrete, vereador Anilton de Oliveira e do vereador Moises Fontoura (PDT) em ampliar a visibilidade da ideia inovadora.

 

Sustentabilidade

Além de garantir um novo produto para a produção de vidros e outros subprodutos, como as microesferas refletoras, a utilização da cinza da casca do arroz para este fim daria um destino sustentável para a casca do arroz. “Atualmente, a maior parte deste produto não tem destino e uma pequena parte é utilizada como fertilizante nas lavouras, mas com um efeito danoso, se repetida, que é a desertificação”, comenta o presidente da Câmara de vereadores do Alegrete.

O deputado Mainardi e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci de Oliveira, assumiram o compromisso de intermediar um contato com o governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, para demonstrar o grande potencial de desenvolvimento da pesquisa e do projeto desenvolvido pelos professores. Ao mesmo tempo, os parlamentares vão apresentar projeto legislativo que garanta incentivos para projetos inovadores como este.

 

Texto: João Ferrer (MTb 8078)

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