CCJ aprova projeto do deputado Pepe que reconhece gastronomia italiana como patrimônio histórico e cultural do RS

 

A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa aprovou por sete votos a zero,  na reunião desta terça-feira (24), parecer favorável ao PL 427/2021, de autoria do deputado Pepe Vargas, que reconhece como patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul os saberes tradicionais, o acervo de receitas e as práticas alimentares que constituem a história e a cultura gastronômica italiana dos imigrantes.

O PL de Pepe leva em consideração a formação histórica e cultural do Rio Grande do Sul, profundamente marcada pela presença da etnia italiana desde que os imigrantes aqui aportaram e se fixaram, constituindo famílias, criando núcleos habitacionais e se disseminado por muitos municípios do Estado. “Os pioneiros, juntamente com os seus descendentes, contribuíram para construir o Estado do Rio Grande do Sul e moldar a nossa cultura. É impossível imaginar o nosso estado sem a marca do trabalho e da cultura dos italianos”, justifica Pepe.

Para o deputado, a tradição italiana trouxe contribuição imensa à diversidade cultural brasileira, entre elas, da alimentação. “Quando falamos de cultura italiana, portanto, entre outros aspectos, lembramos da comida típica. Um legado cultural riquíssimo que constitui fator de desenvolvimento, pois a gastronomia produz riquezas, trabalho e renda, atuando como dinamizadora de economias locais e regionais”, afirma. A cultura como patrimônio imaterial constitui um atrativo turístico. Nos municípios onde predomina a população de origem italiana, nas tradicionais festas de colônias realizadas no meio rural ou nas festas de comunidades religiosas, nos encontros, nas cantinas e no cotidiano familiar, sempre esteve presente a comida típica italiana.

A culinária que tem origem na colônia italiana tem como base pratos como, polenta (frita ou brustolada), as massas acompanhadas dos molhos, o tortéi, o galeto assado, a salada de radicci com bacon, a salada de maionese, o pão caseiro, a canja e as sopas de capeletti e agnoline e o pien. Nas propriedades rurais há uma diversidade, a partir de uma base alimentar ampla, onde além do já citado têm as chimias, o melado, as bolachas, o grostoli e as pizzas. Sempre presente também as sobremesas como sagu de vinho com creme, o pudim de leite e os doces em calda. Na mesa tradicional dos colonos sempre esteve presente o queijo, o salame e o vinho. Assim como a fortaia, o nhoque e os risotos e demais pratos saborosos.

Essa cultura alimentar foi construída com o tempo, pois os primeiros anos foram difíceis, de trabalho árduo, escassez e incertezas. Mas, a colônia italiana no Rio Grande do Sul se consolidou e ao longo do tempo foi se constituindo como espaço de riqueza culinária, com cultivos diversificados e criações de animais que resultam em alimentação diversificada. “É preciso referir a marcante presença das mães e nonas que historicamente lideraram a cozinhas nas casas das colônias italianas. Aliás, uma característica marcante da tradição italiana, é a cozinha como um espaço de reunião familiar, de produção e consumo de boa comida e de transmissão oral de conhecimentos e técnicas”, salienta Pepe, lembrando que as macarronadas e as fornadas de pães que alimentaram famílias numerosas em milhares de propriedades de colonos por muitos anos e continuam alimentando agora em novas condições históricas.

Os costumes sociais, observa o deputado, também se modificam. Mas, a base está na tradição das colônias e nas cozinhas das nonas. “Esta tradição configura uma marca que gera um diferencial que contribui para o turismo na região da Serra gaúcha, que gera oportunidades de trabalho e renda, tem base na cultura, especialmente da uva e vinho e da gastronomia que, portanto, é a cultura e a tradição como base para gerar oportunidades, trabalho e renda, fazendo movimentar a economia local e regional”, conclui.

 

 

Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747