Rosane Maria dos Santos Brandão, coordenadora da Associação de Memória, Vida e Justiça, perdeu seu companheiro João Alberto de Santos Pedroso, com quem vivia há mais de 21 anos, para Covid-19. “Meu esposo não conseguiu se vacinar”. Além de conviver com a dor da perda, também sofre com sequelas do vírus. Após a contaminação pelo coronavírus, Rosane passou a ter dermatites pelo rosto. Nesta quarta-feira (28.04), ao ser lançada a Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19, na Assembleia Legislativa, ela disse que espera por “memória e reparação”.
Diante de histórias como a de Rosane, que teve sua vida impactada pela Covid-19, é que a Frente foi criada. Coordenada pelo deputado Pepe Vargas (PT), vai realizar encontros nas cidades polos, das chamadas macrorregiões do Estado, para discutir ações que auxiliem na construção de políticas públicas para as pessoas que tratam das sequelas deixadas pela doença. “O objetivo é contribuir para um debate amplo, envolvendo Conselhos Municipais de Saúde, Comissões das Câmaras de Vereadores, Universidade e, ao final, apresentar sugestões ao Estado e ao Governo Federal”, explicou o parlamentar. O presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira (PT), ressaltou a importância do fortalecimento do SUS, pois durante a pandemia ficou ainda mais em evidência o quanto é essencial.
A iniciativa de criação de uma Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19, nasceu de uma reivindicação do conjunto da sociedade civil, durante encontro realizado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, com deputado Valdeci Oliveira (PT), Na ocasião estavam presente representantes do Comitê Estadual em Defesa das Vítimas de Covid 19, da Associação das Vítimas de Covid-19 (Avico) e da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid19 – Vida e Justiça. “Fruto disso tomamos a iniciativa de propor essa Frente, com o propósito de identificar, em nosso território, a situação das vítimas da Covdi-19 e contribuir na construção de políticas públicas”, destacou.
Os impactos da Covid-19, tanto sobre os indivíduos, quanto para famílias e nas políticas públicas, são inúmeros. “Quantas pessoas perderam seus familiares, o que levou ao impacto na renda familiar, sendo as que as regras da previdência social, ao tratarem do pagamento das pensões foram draconianas”, criticou o deputado. No entanto, apesar disso não há levantamento em relação aos impactos socioeconômicos e nem mesmo o indicativo do número de órfãos da Covid-19.
Calcula-se, segundo estimativa, da presidente da Avico, Paola Falsete, que somente no Rio Grande do Sul haja mais 500 órfãos, porém não há um levantamento oficial. Paola ressaltou que o direito humano à saúde é direito constitucional de todos, mas que infelizmente o Brasil não cumpriu esse direito.
A coordenadora do Núcleo de Saúde da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19 – Vida e Justiça, Rosângela Dornelles, destacou que as pessoas não conseguem acessar fisioterapia respiratória, há filas para todos os atendimentos, inclusive para cirurgias. Só dizem que precisam aguardar”, disse. Rosângela questionou a iniciativas do governo do Estado em responder essa demanda. “Quais são as iniciativas? Precisamos nos movimentar porque as pessoas estão morrendo das mais diversas formas no nosso estado, seja pela fome, pelo adoecimento, pela falta de moradia, em consequência da Covid-19”, relatou.
Estiveram presente no evento, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando, Pigatto, o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Cláudio Augustin (de forma remota), a vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Inara Ruas, a representante da Câmara de Caxias do Sul, vereadora Rose Frigeri, os conselheiros do Coren-RS, Fernando Mengue e Sônia Coradini, além da representante da Frente Luta Pela Vida, Lucia Souto.
Texto: Silvana Gonçalves (MTB 9163)