“Governo do Estado não pode homologar leilão das rodovias na forma como foi realizado”, defende líder da bancada petista

Foto Greice Nichele

“Não foi por falta de aviso ao governo do Estado de que este modelo de pedagiamento instituído por ele resultaria em valor de tarifas extremamente elevado. Foi alertado à exaustão em audiências públicas”. A afirmação foi feita pelo deputado Pepe Vargas em declaração de líder, em nome da bancada do PT, na sessão plenária desta terça-feira (19), ao lamentar os valores abusivos resultado do Bloco 3 da concessão de rodovias estaduais, que inclui trechos das regiões da Serra e do Vale do Caí.

Licitado na semana passada na bolsa de valores de São Paulo (B3), o bloco reúne seis rodovias, entre elas a RS-122, principal ligação entre a Serra e a região metropolitana de Porto Alegre. Este é o primeiro dos três leilões previstos para conceder à iniciativa privada blocos rodoviários que somam 1.131 quilômetros de rodovias estaduais, que resultará na cobrança em 22 praças de pedágio, com previsão de arrecadação de R$ 11,1 bilhões ao longo de 30 anos. “A taxa de retorno, de lucro, é superior a qualquer outro modelo de concessão de rodovias realizados no Brasil nos últimos anos, então não tinha como dar certo”, disse Pepe, que preside a Frente Parlamentar em Defesa dos Usuários de Rodovias do RS.

Conforme o deputado, com o leilão do Bloco 3, o cidadão que sair da Serra gaúcha para a região Metropolitana de Porto Alegre vai pagar R$ 36,60 de pedágio para um carro de passeio em valores atuais – como o início da cobrança se dará daqui a 12 meses, ainda haverá o acréscimo da inflação do período, elevando para perto dos R$ 40. Se for uma carreta bi-trem de nove eixos, segundo Pepe, o custo com tarifas de pedágio sobe para R$ 219. “Isso é custo logístico e diminuição da competitividade da economia gaúcha. Governador Ranolfo, não assine, não homologue este leilão. Não é possível condenar a sociedade gaúcha a um fardo desses por 30 anos”, sustentou.

A empresa vencedora da licitação ofereceu um deságio de apenas 1,3% sobre a tarifa básica. Para o deputado, isso é um indicativo de que tinha segurança de que não haveria concorrência e que seria apenas a sua proposta. “Alertamos em 27 de agosto quando encaminhamos em nome da Frente Parlamentar, todo um conjunto de argumentação ao governo do estado de que ficaria caro. E agora o governo vai lançar o edital do Bloco 2 e do Bloco 1?. Ele não tem que lançar e nem homologar este leilão”, defendeu. Pepe lembrou ainda que o governo incluiu um trecho de 13 km que não é administra. Evidente que isso terá implicações no preço. “Base jurídica e legal para não assinar existe. Espero que o governador tem hombridade para assinar e não colocar esse fardo sobre as costas dos gaúchos”.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)