Na abertura oficial da 22ª Expodireto, nesta segunda-feira (7), o presidente da Cotrijal, cooperativa responsável pela organização da feira agropecuária de Não-Me-Toque, Nei Mânica, convidou a presidência da República e o Ministério da Agricultura a visitarem o estado e verem de perto a situação dos produtores rurais que enfrentam, pelo terceiro ano consecutivo, uma das piores estiagens da história do Rio Grande do Sul. “Não queremos discutir os problemas, quero discutir soluções”, acrescentou o dirigente pouco antes do convite ser feito. O tema da estiagem havia ficado praticamente de fora da cerimônia de premiação do Troféu Brasil 2022, vinculado à atividade e realizada ontem em Carazinho, por conta de a atividade ter tido um caráter festivo e de congraçamento. “Apesar das taxas de juros, entre outras questões, o agronegócio não parou nem durante a pandemia e não vai parar”, lembrou o dirigente, acrescentando que a Cotrijal hoje está presente em mais de 50 municípios (contra 35 em 2021) e passou de 8,6 mil associados para cerca de 18 mil no mesmo período.
A estiagem também fez parte, como tem sido uma constante desde que assumiu a presidência do Parlamento gaúcho, da fala do chefe do Legislativo estadual, Valdeci Oliveira. “Essa foi a pauta que tratamos no primeiro dia como presidente da Assembleia, horas depois da nossa posse, com diversas entidades do campo vinculadas à agricultura familiar. Essa tem sido a nossa preocupação, assim como a busca por ações concretas e imediatas”, assinalou o deputado.
Diante de uma plateia formada por produtores rurais, dezenas de deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos da região, representantes da OAB, TCE, TCU, judiciário e demais poderes do estado, além de delegações estrangeiras, como da Nigéria, Azerbaijão, Uganda e Costa do Marfim, Valdeci falou ainda sobre os dois movimentos articulados pelo Assembleia Legislativa – a Missão Oficial à capital federal e a constituição de uma Comissão de Representação Externa do parlamento para acompanhar as medidas e os impactos causados pela crise hídrica. “Fomos até Brasília para dizer ao governo que o RS precisa ser olhado, que aqui também há seca e que a necessidade urgente é a criação de políticas públicas de curto, médio e longo prazos, não políticas de governo, mas de Estado. Essa tem de ser a prioridade tanto lá como aqui”, avaliou. “O compromisso que trago é lutar não apenas para realizar reuniões, mas pela busca por ações permanentes, pois estamos falando também de geração de renda, emprego, divisas e, principalmente, de segurança alimentar”, completou o deputado.
Ao finalizar sua fala, o presidente do Parlamento alertou para a necessidade do o RS aprender a conviver – mas não sem o apoio de políticas públicas – com o problema que, segundo especialistas, veio para ficar. “Se não tivermos a capacidade de atuar com a prevenção, vamos encarar a estiagem e os problemas decorrentes somente quando ela chegar, iremos lembrar apenas quando ela se apresentar. Só que já será tarde”, pontou Valdeci.
A Expodireto acontece até a próxima sexta-feira (11), com debates, palestras e apresentação de equipamentos e modos de produção que miram a inovação e a tecnologia no campo.
Texto: Marcelo Antunes (MTE 8.511)