Qual é o sentimento do nosso agricultor gaúcho neste momento de estiagem? Ele planta, acredita que vai colher, aí vem uma estiagem e leva toda a produção dessa atividade tão sagrada. Como se não bastasse, ainda vem uma onda de calor intenso que resseca mais o solo, causando falta de água, morte de animais e queimadas.
O governo do Estado tem que estar ao lado de quem mais precisa, que produz o que é essencial para nossa vida: o alimento. É imprescindível que o governador chame para ele a responsabilidade, e coloque a estrutura do Estado à disposição deste setor tão importante.
A agricultura influencia a vida de todos, e merece respeito e humanidade. Morando no campo ou na cidade, conhecendo ou não a realidade do interior, todos nós somos gravemente afetados.
É um segmento que, associado a várias cadeias produtivas, é responsável por 40% do PIB e 60% das exportações do RS. Um exemplo de quebra vem da cadeia do milho, que afeta a carne e o leite. Segundo a Emater, a produção de leite já teve redução de 1,6 milhão de litros por dia, atingindo o agricultor, a indústria de laticínios e o consumidor. E isso também acontece nas demais culturas, pois todas terão perdas consideráveis com a estiagem.
Vivemos a pior seca dos últimos 17 anos, as perdas vão passar de R$ 20 bilhões e os governos estadual e federal estão inertes. São mais de 340 municípios em situação de emergência, e os reflexos são gravíssimos: falta água para a plantação, para os animais e até para o consumo humano. Mesmo que chova nos próximos dias ou semanas, para muitos, as perdas são irreversíveis.
A pauta de reivindicações dos movimentos do campo, que está nas mãos do governador e do Ministério da Agricultura, evidencia o quanto essas estiagens são recorrentes e já eram anunciadas. Por que nada foi feito para prevenir? No período do governo Tarso Genro, por exemplo, também tivemos estiagens e criamos o Mais Água Mais Renda, para nos anteciparmos a essas intempéries. O programa foi extinto e o seu substituto ainda não chegou aos agricultores.
Para enfrentar esse tipo de problema são necessárias políticas públicas para investimentos em infraestrutura. Além da água, é preciso crédito emergencial para a agricultura familiar. Temos um projeto da bancada do PT na Assembleia Legislativa já com parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça. Precisa ser votado com urgência. Além disso, é preciso que o governo interfira junto aos bancos para que as dívidas sejam repactuadas, e também usar estruturas como o Banrisul para financiamento especial com juro zero.
Quem está no ofício de produzir alimentos tem que estar amparado, porque é desta forma que nós vamos garantir que a estiagem não traga ainda mais prejuízos aos agricultores, e também aos consumidores, que hoje estão pagando aqui no estado uma das cestas básicas mais caras do país.
O momento pede ação urgente, diferente do que fez a ministra da agricultura que esteve no estado e disse que não pode fazer milagres. E os agricultores, por acaso fazem o milagre de sobreviver sem água, sem produção e sem dinheiro? Pensar em progresso é também olhar para a produção de alimentos, pois a agricultura é um setor econômico que influencia de forma muito significativa o desenvolvimento do estado e do país.
Edegar Pretto
Deputado Estadual PT