segunda-feira, 25 novembro

Com o pior salário para professores, o RS agora tem um dos piores currículos para o ensino médio do país

Foto Marta Resing

Em decisão monocrática, sem diálogo com a comunidade escolar (estudantes, pais, professores), no dia 30 de dezembro, a Secretaria de Educação publicou no Diário Oficial do Estado uma portaria dispondo sobre a organização curricular do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e reduzindo ao mínimo a Matriz Curricular gaúcha, diminuindo a carga horária de disciplinas fundamentais como Educação Física, Filosofia, Sociologia e Espanhol. Em defesa dos estudantes e professores e em solidariedade à Delegacia Regional da Federação Internacional de Educação Física e Esportiva do Rio Grande do Sul, a bancada do PT na Assembleia Legislativa manifestou-se nesta segunda-feira (10) e encaminhou ao Palácio Piratini ofício, reivindicando a revogação da medida.

Pela determinação do governo, ficam restritas a 50 minutos de aula por semana a Educação Física, e apenas no 1° ano. Também reduz a uma aula por semana a Filosofia, que consta como componente curricular obrigatório apenas no 1° ano do ensino médio, a Sociologia apenas no 2° ano e o Espanhol, somente no 2° ano. Com isso, o Rio Grande do Sul além de ser o Estado com o pior salário para professores e professoras da educação básica, agora tem, se não o pior, um dos piores currículos para o ensino médio do país. Entoando a lógica do neoliberalismo, disciplinas fundamentais rumo a promoção de uma formação mais integral e humanística perdem espaço. “Como fica o desenvolvimento integral, o direito a vivenciar todas as práticas corporais e sociais que a Educação Física oferece? Aprender a conhecer seu corpo, suas potencialidades e condições para a saúde? Não cabem, certamente, numa visão de Educação que conforma as meninas e os meninos da classes populares para a adaptação a um mundo restrito ao trabalho explorado precocemente, sem sonhos de universidades, pódiuns e carreiras bem remuneradas, que, numa sociedade que pretendem naturalizar desigual, estão reservados aos filhos das classes dominantes”, pondera a deputada Sofia Cavedon.

As consequências, segundo os profissionais da educação são o comprometimento da formação de milhares de jovens, e na carreira dos docentes. Um país que prega e preza pela formação integral na educação básica não pode abrir mão de disciplinas essenciais, que oferecem condições de inquirir e compreender questões e fenômenos sociais e antropotécnicos. “Estamos diante de um projeto de Ensino Médio que não dialogou com professores e professoras nem com as comunidades escolares implicadas. Lamentamos que a Seduc publique a nova base no início das férias escolares. Como as direções e professores vão se organizar para o início das aulas em fevereiro? Como fica a necessidade de um suporte extra para tantos estudantes que abandonaram os estudos ou não tiveram acesso integral ao ensino remoto e híbrido?”, questiona Sofia.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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