domingo, 24 novembro

A Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa promoveu, na tarde desta segunda-feira (13), audiência pública para apresentar a Liga By Comobi, aplicativo de transporte, lançado este ano e desenvolvido pela Cooperativa de Mobilidade Urbana do Rio Grande do Sul (Comobi), em Caxias do Sul. O debate, proposto pelo deputado Pepe Vargas (PT), aconteceu presencialmente no Teatro Dante Barone do Palácio Farroupilha e através de ambiente virtual disponibilizado pelo parlamento gaúcho. O deputado Zé Nunes (PT), presidente da Comissão de Economia, coordenou os trabalhos.

A cooperativa foi criada a partir do descontentamentos dos motoristas com a falta de segurança aos condutores e a baixa remuneração do valor da corrida, praticada pelas plataformas tradicionais de mobilidade. Ela reúne cerca de 300 profissionais e atende, além de Caxias do Sul, outros municípios da serra gaúcha como Canela, Bento Gonçalves e Gramado.

O deputado Pepe Vargas afirmou que foi motivado a sugerir a audiência pública porque entende que a experiência inovadora de organização dos motoristas de aplicativos numa cooperativa poderia ser de conhecimento mais amplo da sociedade gaúcha. O parlamentar disse acreditar que esta iniciativa é histórica, pois coloca outra realidade de realização para o trabalho de uma categoria bastante numerosa. Conforme Pepe, atualmente há uma relação profundamente desigual entre os motoristas e as grandes plataformas de aplicativos presentes no RS. “Estas plataformas têm por trás de si grandes fundos de investimentos internacionais, capitais externos ao nosso país que pagam taxas de rentabilidade baixa para os motoristas, sem relação de trabalho estabelecida”, explicou.

Pepe Vargas destacou que, como efeito do modelo cooperativado, a lucratividade dos associados será maior, entre outras vantagens aos motoristas. O deputado também salientou as vantagens para os usuários da Comobi, como tarifas mais em conta em relação a demais plataformas e apontou outras razões para as comunidades apoiarem este tipo de iniciativa. “No modelo robotizado a riqueza gerada não fica nas cidades, enquanto que a cooperativa dos motoristas ficam nas comunidades locais e pagam impostos ao município, gerando um efeito positivo para o conjunto da população”, defendeu.

O deputado Zé Nunes manifestou apoio a divulgação da proposta da Comobi. Para o deputado, uma proposta sólida, firme e viável de cooperativa pode fazer frente a exploração de trabalhadores. “Para que os trabalhadores possam ter a justa remuneração pelo seu trabalho e que não precisem estar sendo explorados por empresas capitalistas transnacionais”, sublinhou. Zé Nunes defendeu ainda a criação, no próximo governo, de um Ministério da Economia Solitária para enfrentar o capitalismo selvagem e violento da atualidade. “O capitalismo se apropria da tecnologia não para criar melhores condições de trabalho, mas para ganhar mais dinheiro ainda. Não podemos ser escravos da tecnologia. Precisamos que os trabalhadores se organizem e encontrem sua autonomia”, definiu.

O presidente da Cooperativa, Marcio Guimarães, contou como nasceu a cooperativa de mobilidade, primeira no país. Ele sustentou que a partir do trabalho cooperativado é possível melhor remunerar os motoristas. “As decisões sobre os valores das tabelas e os percentuais para nossos associados são de todos”, garantiu.

O diretor financeiro da Comobi, Guilherme da Silveira, também assegurou que o aplicativo da cooperativa é mais barato que de outras plataformas conhecidas. Guilherme descreveu as iniciativas da cooperativa para assegurar a segurança do motorista e dos usuários. “Nossos usuários têm à sua disposição um botão pânico que responde em dois minutos”, contou. Guilherme disse que o objetivo da cooperativa é manter um padrão de segurança diferenciado e eficaz.

Também se manifestaram o diretor de Comunicação da Comobi, Alexandre Corá; o presidente da União Gaúcha de Motoristas de Aplicativos (UGAMA), Mauro Souza; a presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativos (Simtrapli), Carina Trintade, o representante da Liga dos Trabalhadores em Aplicativos, Joe Moraes; o presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo; o motorista de aplicativo de Gramado, cooperativado Silvair Oliveira.

​​Texto: Marcela Santos (MTE 11679)

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