domingo, 24 novembro
Foto Diego Freitas

Com 52 hectares disponíveis para receber até 25 empresas no Distrito Industrial aprovado em 2016 e há cinco anos com licenciamento ambiental liberado pela FEPAM, o município de São Lourenço do Sul discute estratégias para agilizar a industrialização local. O assunto foi debatido na noite desta quinta-feira (18) em audiência pública híbrida da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, presidida pelo deputado Zé Nunes (PT), realizada na sede da Associação Comercial e Industrial de São Lourenço.

Pela deliberação da audiência, grupo de trabalho deverá encaminhar novo encontro de autoridades e lideranças locais para agilizar questões técnicas, como a validade do licenciamento ambiental da FEPAM, que é de 2016, o plano diretor do DI e a disposição da CEEE em investir na infraestrutura da rede elétrica no formato industrial, assim como a busca de diálogo com o Instituto Federal SUL, IFSUL, a respeito da qualificação da mão de obra, um dos aspectos apontados como determinante para os futuros empreendimentos. No que diz respeito ao saneamento, a Corsan já disponibilizou as condições para o saneamento adequado aos detritos industriais.

Na presidência da Comissão de Economia, o deputado Zé Nunes (PT) coordenou a audiência e destacou a presença da comunidade no debate, tendo em vista que é tema relevante para promover o desenvolvimento local. Uma das questões apontadas diz respeito às leis municipais, contrapartidas aos futuros empresários dispostos a investir no DI, incentivos e garantias, ponderou Nunes, que em seu mandato como prefeito, em 2006, encaminhou à Câmara o projeto de instalação do Distrito Industrial de São Lourenço do Sul, localizada em área distante 12 quilômetros do trevo de acesso à cidade, junto à BR-116. O campo responde por 60% do Produto Interno Bruto do município, seguido do turismo, serviços e comércio. Mas “é preciso avançar na industrialização, cuja relevância é estratégica para a região”, resumiu o deputado. Além da agregação de valor, a produção industrial acelera o desenvolvimento, gera empregos, renda, tecnologia e estimula o surgimento de novas cadeias produtivas.

A região Sul, no entanto, vivenciou períodos cíclicos nessa área, tendo sido o marco inicial da indústria gaúcha com a empresa Rheingantz, em Rio Grande, a maior tecelagem da América Latina, e na década de 70 e 80, a indústria da alimentação em Pelotas, mas esse ciclo regional decaiu. E agora, diante da acelerada desindustrialização do país – de 2004 a 2017 o valor adicionado bruto no PIB caiu de 15,1% para 10,4%, e no Rio Grande do Sul, nesse período, de 19,1% para 13,9% – o parlamentar aponta para a urgência desse setor para São Lourenço do Sul, cujo valor adicionado do PIB industrial também regrediu de 10% para 8%.

O prefeito municipal, Rudinei Harter, destacou os aspectos positivos da localização do DI e informou que quatro empresas pleiteiam instalação, três delas com propostas protocoladas na prefeitura solicitando espaço, e aguardam posicionamento do setor ambiental. Trata-se de duas cooperativas e uma empresa privada. A outra empresa é da indústria de implementos agrícolas. Disse que projeto será enviado à Câmara para aprovação da cedência, uma vez que o licenciamento ambiental, para áreas de até 20 hectares, é feito pela prefeitura. Reiterou que trabalha para viabilizar os empreendimentos industriais, saudou a formação do grupo de trabalho para que dê continuidade aos projetos em andamento.

O presidente da Associação Comercial e Industrial, Câmara de Dirigentes Lojistas, Mahmoud Amer, também apontou a urgência da industrialização como fator de transformação municipal, tendo em vista os fatores geográficos que agregam valor para negócios locais. A logística através da BR-116 é um desses aspectos, observou o empresário, que mostrou preocupação com a necessidade de qualificação da mão de obra para futuros empreendimentos industriais. Sugeriu que os espaços acadêmicos sejam acionados para agregar ensinamentos voltados para a área industrial. Disse que a terceira revolução industrial está em curso e é preciso estar preparado, enaltecendo a disposição da comunidade, das instituições e das lideranças locais para acolher indústrias, “para isso é preciso planejamento estratégico”, afirmou.

Também o diretor do Badesul, Flávio Lammel, em intervenção virtual, destacou as diversas operações do banco disponíveis para investimentos, manifestando interesse em se deslocar até São Lourenço com a equipe técnica para discutir linhas de financiamento e programas. Disse que o banco opera várias linhas de crédito, tanto no setor público, empresarial, agronegócio e também na área de inovação, com disponibilidade de recursos em 2021. Mais de R$ 100 milhões de contratações foram formalizadas com municípios, segundo Lammel, que detalhou vários programas disponíveis, inclusive financiamentos de até R$ 200 para pequenas empresas, com pequena taxa, além de outras ofertas voltadas especificamente para o setor do turismo.

Seguiram-se manifestações dos vereadores, da presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento e vice-presidente do Corede Sul, Selma Quevedo Vilela; e diversas lideranças dispostas a acolher um planejamento estratégico capaz de tornar viável o Distrito Industrial de São Lourenço do Sul.

Fonte: Agência de Notícias ALRS

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