O deputado Edegar Pretto foi o primeiro convidado dos diálogos com pré-candidatos ao Governo do Estado para 2022, que estão sendo promovidos pelo Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung). O encontro virtual ocorreu nesta sexta-feira (22), com o objetivo de expor as principais dificuldades enfrentadas pelas 14 universidades do grupo, descritas pelos educadores como instituições públicas, mas não estatais.
“Saio desse encontro muito feliz pelas palavras de reconhecimento, que ouvi sobre a construção da nossa história política e pelo voto de confiança que estou recebendo deste setor de enorme importância para o desenvolvimento do nosso estado. O nosso objetivo, neste momento, é de ouvir os diversos segmentos do RS, tanto de forma virtual como presencial”, relatou Pretto.
O presidente do Comung e reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Evaldo Antonio Kuiava, abriu a conversa expondo os principais pontos de preocupação das universidades, que vêm sendo negligenciados pelo poder público. O primeiro e mais importante, na visão de Kuiava, é o não cumprimento do artigo 201, da Constituição Estadual, que prevê 0,5% do orçamento para as universidades comunitárias.
“Os nossos recursos são investidos na própria instituição, por isso que nos posicionamos dessa maneira, pois precisamos muito de uma relação de parceria com o Governo do Estado. Poderíamos estar fazendo muito mais, e com a pandemia ficou ainda mais visível o nosso papel. Não estamos tendo nem o que é previsto em lei. Só no ano passado, o que não foi investido daria para formar cerca de oito mil estudantes”, ressaltou o reitor.
Outro ponto importante destacado pelo presidente do Comung, é a falta de incentivo para a formação continuada de professores. Entre 2017 e 2019, nós formamos mais de cinco mil professores. “Nós mantemos as licenciaturas com os nossos recursos, mas o que nos deixa indignados é que quando o governo precisa de instituições de ensino para atividades específicas, contrata grandes e renomados institutos”, desabafou.
Citou ainda a necessidade de políticas públicas para investir em projetos de inovação, pesquisa e extensão, com o objetivo de potencializar os setores produtivos. O nosso desafio é nos conectarmos com os setores produtivos e sermos um motor de propulsão em todas as áreas do conhecimento.” Para ele, a patente das universidades precisa se transformar em emprego e renda. “O senhor terá um exército ao seu lado. Nós somos 14 universidades e o governo poderá se servir delas em todas as regiões do estado”, salientou o reitor da UCS.
Edegar Pretto fez um paralelo entre a sua história de vida e a importância da educação. Citando o pai Adão Preto, agricultor que aprendeu a ler e a escrever aos 17 anos, disse que é urgente a utilização do conhecimento técnico e científico para fortalecer a agricultura, por exemplo, que por falta de políticas públicas tem se transformado em monocultura. “Estamos utilizando os nossos portos para exportar soja. Num estado com tanto potencial de produção agrícola, tem gente passando fome.”
Para o deputado, todo o acúmulo de conhecimento das universidades não tem sido aproveitado. “Por isso as palavras dos senhores caem como uma luva para o projeto que nós estamos pensando.Temos profissionais formados com dinheiro público, saindo do país por falta de oportunidade. Para que os pais possam voltar a sonhar com um futuro melhor para os seus filhos, a parceria do governo com as universidades, é fundamental”, ressaltou.
“A sua fala soa como música aos nossos ouvidos, uma esperança de reconstrução. É importante a gente ter essa escuta, porque o nosso sentimento de gestores de instituição comunitárias, é de que estamos perdendo grandes oportunidades de desenvolver pessoas e regiões”, disse a reitora da Universidade de Passo Fundo (UPF) e Secretária do Comung, Bernadete Dalmolin.
Já a reitora da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e tesoureira do Comung, Cátia Maria Nehring, disse que as universidades comunitárias estão pedindo com força e humildade, que o próximo gestor do RS faça o repasse do investimento que as instituições têm direito. “Nós não precisamos de um prédio, mas sim que a lei seja cumprida”, pontuou.
Também participaram do encontro a Pró-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da URI, Neusa John Scheid; o Pró-Reitor de Administração da UNICRUZ, José Ricardo Libardoni; o Chefe de Gabinete da Unilasalle, Renaldo Vieira Souza; a Secretária Executiva do Comung de Brasília, Jaira Puppim e a Secretária do Comung de Porto Alegre, Viviane Born.
Texto: Leandro Molina (MTE 14614)