Apesar da chuva, a CUT-RS, centrais sindicais e a Frente dos Servidores Públicos (FSP-RS) promoveram na manhã desta quarta-feira (18), dia de greve nacional dos servidores públicos e de mobilizações da classe trabalhadora, um ato em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), em Porto Alegre.
Com faixas, cartazes, adesivos e bandeiras, as entidades protestaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32/2020, a chamada Reforma Administrativa, que ataca não somente os direitos dos servidores municipais, estaduais e federais, mas destrói os serviços públicos e prejudica toda a população.
Quem vota contra os serviços públicos não volta
O ato foi um alerta sobre as consequências dessa reforma, caso ela seja aprovada no Congresso. Por isso, não faltou pressão para que os parlamentares votem contra essa proposta, que se encontra hoje tramitando na Câmara. “Deputado: quem vota contra os serviços públicos não volta”, dizia uma das faixas.
“É um dia de resistência à reforma administrativa, que nada mais faz do que entregar os serviços públicos para a iniciativa privada. Como se não bastasse privatizar as empresas e autarquias, faturar bilhões de reais com o sistema elétrico e a Petrobras, agora eles também querem os serviços públicos”, protestou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, segurando o guarda chuva na mão.
Segundo ele, “o governo Bolsonaro e os governos estaduais que apoiam a sua política econômica, como o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito Sebastião Melo (MDB), querem repassar os serviços públicos, que representam bilhões de reais, à iniciativa privada. É preciso resistir, porque não há estado democrático de direito sem serviços públicos de qualidade feitos por carreiras públicas estruturadas e valorizadas. Quem perde é a população. Mais do que carreiras, o que está em jogo são os serviços públicos feitos pelo Estado”.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Sintrajufe-RS) e da CUT-RS, Marcelo Carlini, que coordenou o ato, disse que “hoje é um dia de chuva e ventania em Porto Alegre, mas também é um dia de luta dos servidores públicos contra a PEC da reforma. A chuva vai cessar, mas os efeitos dessa reforma para os servidores e para a população vão continuar”.
“Precisamos derrotar a PEC 32, que acaba com o concurso público, acaba com direitos não só dos servidores, mas da população como um todo, que precisa de saúde, educação, segurança pública de forma gratuita e com qualidade. O Brasil precisa de mais e melhores serviços públicos e não menos”, destacou.
População vai ficar sem serviços básicos
“A reforma administrativa não é só contra o servidor, mas sim contra a população que vai ficar sem os serviços básicos como a saúde, a educação e a segurança. Por isso estamos aqui, para dizer fora Bolsonaro e toda a sua política de desmonte do estado”, salientou a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
A secretária-geral do Sindicato dos Servidores Federais (Sindiserf-RS) e secretário de Meio Ambiente da CUT-RS, Eleandra Koch, ressaltou que a retirada de direitos é o objetivo dos governos neoliberais. “O que seria da população brasileira sem o SUS? Nós queremos dizer em alto e bom som, essa não é uma reforma. É o fim do serviço público. O projeto do governo Bolsonaro é o estado mínimo para os trabalhadores e para o povo. O serviço público é a nova mercadoria do neoliberalismo e, por isso, nós lutaremos e não aceitaremos essa reforma administrativa”.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público (Simpe-RS), Jodar Pedroso Prates, é preciso mudar a imagem construída pela mídia a respeito dos servidores públicos. “Não estamos aqui para defender privilégios, até porque 50% dos servidores públicos do Brasil recebem no máximo quatro salários mínimos. Por isso, é uma falácia quando a imprensa e o governo falam que nós somos privilegiados. Estamos aqui em defesa da sociedade e do bem-estar social. Porque somente a estabilidade nos protege da corrupção e da perseguição política”.
Para o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores da Justiça do RS (Sindjus), Fabiano Zalazar, a mobilização ocorreu em frente ao HPS porque a instituição é marco dos serviços públicos na capital gaúcha. “Escolhemos o HPS para mostrar para a população que está aqui, usando o serviço público de saúde, que o genocida do Bolsonaro faz questão de negligenciar esse serviço. Não vamos permitir que o Brasil se transforme em um imenso laranjal. A estabilidade é a garantia da prestação de serviço adequado e justo, sobretudo para a população que mais necessita”, frisou.
A secretaria de assuntos de aposentadoria e pensão do Sintrajufe-RS, Arlene Barcellos, enfatizou que a crise não é culpa dos servidores. “Aprovar essa reforma significa entregar o nosso serviço público para a iniciativa privada, ou seja, para a privatização. Eles colocam a culpa no servidor público e dizem que vão acabar com os privilégios, mas vão é acabar com o serviço público”.
“A nossa luta é das mais difíceis, mas precisamos resistir. Não é possível que a população brasileira assista isso sem que se manifeste. Precisamos contagiar a população e os servidores porque essa luta é muito maior do que o serviço público e é de todos”, frisou o presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde e Previdência no RS (Sindisprev), Thiago Manfroi de Oliveira, lembrou que é nas eleições que tudo começa. “Colegas, não elejamos e façamos campanha contra quem quer desmontar o serviço público brasileiro”, alertou.
Fonte: CUT-RS com Extra Classe