CUT-RS e centrais cobram reposição de 10,3% no mínimo regional nesta quinta

Raquel Wunsch

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Bancada Estadual

A CUT-RS e centrais sindicais realizam um ato simbólico nesta quinta-feira (5), às 9h, na Praça da Matriz, em Porto Alegre, para cobrar a reposição de 10,3% no salário mínimo regional de 2021, o que corresponde à variação do INPC em 2019 e 2020. Após a manifestação, dirigentes das centrais serão recebidos em audiência, às 9h30, pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza (MDB), para tratar do assunto.

O chamado piso regional se encontra congelado há dois anos e meio, desde 1º de fevereiro de 2019, prejudicando cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas. Apesar disso, o projeto do governador Eduardo Leite (PSDB), enviado em 15 de julho aos deputados estaduais, prevê um reajuste de apenas 2,73%. Com isso, as cinco faixas salariais ficariam entre R$ 1.270,93 e R$ 1.610, 61.

2,73% é indecente

“A proposta do governador é indecente, pois só repõe metade da inflação de 2020, o que é inaceitável. Além disso, é preciso resgatar as perdas de 2019, uma vez que no ano passado os deputados governistas, chantageados por empresários atrasados, aprovaram reajuste zero e o governador sancionou”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. “Por isso, as centrais reivindicam 10,3% de reajuste”.

Ele destaca que, nos últimos dois anos, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica de Porto Alegre acumulou alta de 34,7%, variando mais de três vezes o INPC do período. “E os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dispararam”, salienta.

O dirigente da CUT-RS lembra que “os anos em que o Brasil teve reposição da inflação e aumentos reais no salário mínimo foram anos de maior geração de emprego e renda”. Para ele, “o achatamento da remuneração só trouxe acumulação da renda nas mãos de poucos, aumento do desemprego e mais desigualdade”.

Amarildo defende a abertura de uma agenda de diálogo entre as centrais e os deputados de todas as bancadas. “Queremos construir uma emenda ao projeto do governador que seja capaz de recuperar as perdas com a inflação. O mínimo regional é fator de distribuição de renda, valorização do trabalho e estímulo para a geração de emprego e o crescimento da economia gaúcha”, ressalta.

Massacre nos salários X superávit de R$ 2,74 bilhões

“Eduardo Leite está massacrando o trabalhador e a trabalhadora que têm os menores salários no Estado, assim como vem arrochando os servidores públicos sem conceder nenhum reajuste desde que assumiu, além de cortar direitos, inclusive de aposentados”, critica Amarildo. Os professores, por exemplo, estão sem aumento desde novembro de 2014, no último ano da gestão de Tarso Genro (PT).

“Não é à toa que o governo do estado registrou superávit de R$ 2,74 bilhões no primeiro semestre deste ano”, aponta o dirigente da CUT-RS. “Isso mostra o descaso do governador tucano com o salário de quem trabalha e com a qualidade dos serviços públicos, bem como revela os escassos investimentos no combate à pandemia, que já causou mais de 33 mil mortes no RS, e noutras áreas como educação, segurança e agricultura familiar”.

Para o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antonio Güntzel, “o governador pratica a mesma política neoliberal de Bolsonaro de desmonte do estado e entrega de patrimônio público, porém se revela ainda mais cruel”.

“No reajuste do mínimo nacional, pelo menos teve a correção do INPC em cada ano, ao contrário de Eduardo Leite que mostra não ter coragem para obrigar o empresariado medieval a repor a inflação aos menores salários do estado”, compara Antonio.

Santa Catarina e Paraná: reajustes de 10,62% e 12,29%

Conforme análise do Dieese, Santa Catarina e Paraná – “dois estados da Região Sul e com características socioeconômicas semelhantes ao Rio Grande do Sul” – também possuem o piso regional. No entanto, ao contrário do governador gaúcho, os vizinhos reajustaram os respectivos mínimos regionais em 2020 e 2021, cumulativamente, em 10,62% e 12,29%, respectivamente.

O Dieese revela também esses dois estados registraram variações menores na taxa de desemprego (Paraná +0,4 ponto percentual.) ou até queda da taxa de desemprego (Santa Catarina -1,0 ponto percentual) entre o 1º trimestre de 2019 e o 1º trimestre de 2021 em comparação ao Rio Grande do Sul (+1,2% ponto percentual).

Além disso, ambos possuem taxa de desemprego menor (Santa Catarina: 6,2%) ou similar (Paraná: 9,3%) à do Rio Grande do Sul (9,2%).

“Isso confirma que não passam de lágrimas de crocodilo a choradeira dos empresários atrasados que todos os anos repetem a ladainha de que o piso regional gera desemprego”, ressalta Antonio. “É um mito que não se sustenta, que nem palanque em banhado”.

Fonte: CUT-RS com Dieese

 

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