Lideranças políticas reforçam apoio ao plebiscito popular

Raquel Wunsch

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Bancada Estadual

Diversas lideranças políticas, representantes de movimentos sociais e populares e entidades da sociedade civil organizada participaram do lançamento do Comitê do Plebiscito Popular no RS, realizado de forma virtual na noite desta quarta-feira (14). Todas elas defenderam o direito do povo gaúcho participar da decisão sobre o futuro das estatais e, diante da retirada deste direito da Constituição Estadual, por meio de projeto imposto pelo governo Eduardo Leite, destacaram a importância da organização popular na resistência.

A tentativa de privatizar todos os serviços públicos foi destacada por João Pedro Stedile, integrante da coordenação nacional do MST. Segundo ele, esse é um reflexo da crise do capitalismo, quando os capitalistas correm para se apropriar dos bens da natureza, do patrimônio público e dos recursos públicos. “É isso que eles fazem historicamente, e estão fazendo por isso deram o golpe na presidenta Dilma e instalaram esse insano no poder. Por trás de tudo isso, está o grande capital financeiro, que precisa se apropriar de tudo isso. No Rio Grande do Sul, temos um governador que se mostra como contrário ao Bolsonaro, mas está praticando a mesma política do Governo Federal”. Para Stédile, Leite e Bolsonaro são marionetes do grande capital financeiro. “É impressionante como eles não falam dos outros problemas, que são as finanças públicas. Eles só querem vender e vender, porque é isso que interessa ao capital. Por que ninguém fala das riquezas anuais que deixam de ir para os cofres públicos e vão para contas bancárias particulares? Por que ninguém fala da Lei Kandir? Quero fazer um apelo para incluir o debate da privatização da Eletrobrás, dos Correios e da Caixa, porque isso vai afetar também a vida dos gaúchos e gaúchas”.
A importância do plebiscito como forma de organização da base também foi destacada durante o ato. Para Eliane Martins, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Desempregadas (MTD), o plebiscito possibilita que mesmo resistindo em faixas próprias, já que o movimento não é partidário, é preciso um esforço comum para a unidade. “Precisamos vencer nossos limites, nossos métodos e nossas próprias barreiras como movimento da classe trabalhadora. Vamos organizar 28 regiões, mas depois não vamos abandoná-las. Aqui estamos falando da venda do patrimônio público, e com isso nós estamos virando uma chave para a religação e organização de várias frentes de trabalho de base”. Segundo a coordenadora, é preciso mostrar como foram continuar mostrando as conquistas, de onde veio o patrimônio público e como tudo isso vai se perder se a proposta do governo se sobrepor. “Precisamos retomar os conteúdos estruturais que ligam nossa discussão com um projeto de sociedade e de desenvolvimento do estado. O plebiscito é uma chave de luta que precisa ser ligada a várias outras, num trabalho de base que é processual e perene, não apenas um evento”.

O teólogo e filósofo, Lonardo Boff, observou que a onda mundial de entregar os bens públicos é coisa do capitalismo que vis acumular tudo em poucas mãos para dominar os outros. Advertiu, porém, que há coisas que não podem ser privatizadas como exemplo, a área de energia, que é um setor estratégico; o Banco do Brasil, que significa soberania nacional, a infraestrutura, cujas rodovias e estradas não podem servir somente ao interesse particular, mas especialmente a água, que é um bem universal. “Estamos numa grande campanha contra a privatização da Corsan. A água é um bem necessário para todo mundo, e não pode ser privatizada. O Banrisul é público, que atende aos gaúchos e gaúchas, aos pequenos agricultores e a todas as pessoas que precisam do serviço público. Privatizar a Petrobras também afeta a energia que move a máquina mundial e brasileira. Isso é perder a soberania, e não queremos ser súditos de ninguém”, argumentou, defendendo uma nação soberana, que atenda ao seu povo com os instrumentos que facilitem a vida de todo mundo, e não só os mais ricos.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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