Os movimentos sociais, Centrais Sindicais, movimentos sociais e populares, partidos políticos e entidades da sociedade civil lançaram na noite desta quarta-feira (14) o Comitê do Plebiscito Popular no RS. A proposta, já que o governo Leite confiscou o direito de voto da sociedade com a PEC 280, é realizar um plebiscito popular sobre as privatizações de serviços essenciais e estratégicos para o desenvolvimento social e econômico do RS. O ato de lançamento realizado de forma virtual contou com a participação de deputados da bancada petista, reuniu mais de 300 representantes das entidades, além dos ex-governadores Tarso Genro, Olívio Dutra, Alceu Collares, o ex-governador Miguel Rossetto, o senador Paulo Paim e o ex-deputado Vieira da Cunha.
A proposta é que o plebiscito seja realizado em formato híbrido, através de uma plataforma de democracia participativa, garantindo o voto por meio digital, mas também em cédula para as comunidades sem acesso à internet. Para organizar o plebiscito, o comitê constituiu comissões de mobilização, finanças, comunicação e pedagógica. Um manifesto, convidando a população gaúcha a somar-se à iniciativa também já está publicado para coleta de assinaturas de apoio. Serão 28 regionais que terão o papel de fazer a ligação das regiões com o comitê estadual e depois serão instituídos comitês municipais.
O líder da bancada do PT, deputado Pepe Vargas, defendeu o plebiscito popular e parabenizou os movimentos que o estão organizando, pois segundo ele, Leite e Bolsonaro estão no mesmo movimento. “Parabenizo a organização deste movimento e que o direito de todos os gaúchos e gaúchas se manifestarem sobre o futuro das estatais seja respeitado, disse.
A deputada Sofia Cavedon saudou o lançamento do comitê e lembrou do plebiscito da Alca nos anos 90. “Parecia incrível, mas mostramos que era possível dialogarmos com o mundo. Agora quero aproveitar para dar o recado para o estado inteiro e dizer que não estamos a venda”, frisou. O colega de bancada, deputado Jeferson Fernandes, disse que os próximos 30 dias são decisivos, especialmente para a água e o saneamento, visto que o governador Eduardo Leite protocolou projeto para a liquidação da Corsan e nova regionalização do saneamento. “Muito adequado nos unirmos forças para a realização do plebiscito em torno da defesa do serviço público”.
Já o deputado Edegar Pretto lembrou que o povo gaúcho salvou algumas estatais quando Antonio Britto entrou na onda privatista. No governo Leite, segundo ele, isso voltou a acontecer, embora tenha dito em campanha não privatizaria nada. “Chegou o momento de novamente salvarmos nosso patrimônio público, pois ‘os tubarões do passado, já exploraram nossos pais; os tubarões atuais se atravessaram nos trilhos para apagar nosso brilho, mas nós vamos jogar duro para que os tubarões do futuro não explorem nossos filhos. Chega de ser pisoteado por homens sem coração. Chega de exploração, de desprezo e de abandono. Erga a cabeça companheiro e companheira porque força não nos falta E vamos dizer com voz alta que o plebiscito, que a Corsan, o Banrisul e a Procergs têm dono’”, afirmou, citando um poema.
Para o líder da bancada federal do PT, deputado federal Elvino Bohn Gassa, lembrou que o direito dos gaúchos decidirem foi colocado na constituição, no tempo em que ele foi deputado estadual. “Fazer política, como dizia Paulo Freire, deve ser de forma pedagógica. Que saia Bolsonaro, saia Leite, mas que fiquem os serviços públicos”, sintetizou.
Por meio de vídeo, o ex-governador Tarso Genro destacou a importância das empresas públicas na vida das pessoas que dependem dos serviços públicos. Também por vídeo, o ex-governador Alceu Collares afirmou que entregar as empresas publicas não soluciona o problema das finanças do estado. “A nossa constituição aponta o caminho quando diz que todo poder emana do povo”. O ex-governador Olívio Dutra também recordou que em seu governo o RS retomou a geração de empregos, gerando mais de 215 mil postos de trabalho. “O estado sem ter vendido nenhuma empresa passou a superar os demais estados no volume de exportação e isso comprova que o patrimônio do estado preservado faz bem para o desenvolvimento do estado, por isso apoio o plebiscito.
O presidente do PT-RS, deputado federal Paulo Pimenta, afirmou que em um momento político como agora, com crise estrutural, há um longo caminho pela frente e a saída da crise não será simples. Para Pimenta, a organização da resistência é fundamental e o plebiscito é uma grande oportunidade pedagógica para que o povo se aproprie sobre a diferença de um projeto soberano e um projeto que inclusive se faz uso até da pandemia. “Temos uma visão clara de que o plebiscito é a mais importante ferramenta. Vamos fortalecer a luta pela organização da base”.
Já o senador Paulo Paim defendeu a necessidade de se mostrar ao povo gaúcho a importância das estatais para o desenvolvimento do estado. Segundo ele, é o povo que pagará o preço pela venda das empresas públicas. “O mínimo que se pode fazer é ouvir a população para que ela decida o futuro destas empresas”, sentenciou.
Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)