A Frente Parlamentar em Defesa do Crédito Emergencial para a Agricultura Familiar realizou sua primeira Audiência Popular, na noite desta quarta-feira (23), e contou com a presença de mais de 90 lideranças e agricultores e agricultoras da região da Serra, Encosta Superior e Campos de Cima da Serra. O encontro, que foi realizado de forma virtual, tem por objetivo dialogar sobre Projeto de Lei 115/2021, de Crédito Emergencial para Agricultura Familiar. O coordenador da Frente é o deputado estadual Edegar Pretto (PT).
Para Luiz Carlos Scapinelli, coordenador regional da Fetraf faz falta ter governos comprometidos com a agricultura familiar. “Quantos agricultores familiares já foram, em outros governos como o de Tarso Genro, ajudados com pequenos açudes, com pomares, com hortas e recurso. Esse é o mínimo que nós queremos. Temos muita luta pela frente para reconstruirmos a nossa agricultura”.
O vereador Lucas Caregnatto, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara Municipal de Caxias do Sul, que visitou o interior da cidade nos últimos dias, disse ter conversado com os produtores que relatar muitas dificuldades por conta da pandemia e da falta de incentivos, especialmente o desmonte das políticas públicas. Ele afirmou que em Caxias a secretaria com menor orçamento é a da Agricultura, por isso a organização e a luta é muito importante para aprovação de um projeto que garanta um auxílio para o setor. Segundo Lucas, nos próximos dias, os vereadores da bancada petista devem apresentar uma moção em apoio ao PL. “Conversamos com muitos produtores que estão felizes com essa iniciativa e torcendo pela aprovação deste projeto”.
Um dos representantes dos Campos de Cima da Serra, o ex-prefeito de Vacaria, Elói Poltronieri, defendeu que a agricultura precisa ter um crédito especial para poderem sobreviver. Criticou a mudança do perfil da produção para as commodities. Lembrou do trabalho que o extinto MDA, do qual Pepe foi titular, desenvolvia para a agricultura familiar. Com a pandemia, disse, a merenda escolar deixou de ser entregue e com isso os agricultores deixaram de realizar as vendas institucionais. “O projeto vai possibilitar que os produtores tenham o mínimo de condições para continuar produzindo e manter a estrutura das cooperativas e agroindústrias e assim permanecer no campo. Caso contrário muito vão partir para o êxodo rural”, argumentou.
Para Juarez Righez, da EcoNativa, é necessário ressaltar a importância da agricultura familiar e das cooperativas. “Aqui na nossa região a gente está tendo o baque cada vez maior nas pequenas cooperativas, pois estamos sendo excluídos de processos como o PNAE. Hoje não temos mais como competir com essas cooperativas grandes. Precisamos pensar na segurança alimentar e no alimento saudável”.
Marinez Castgna, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipê, observou que o crédito é o mínimo que os trabalhadores querem neste momento de tantas dificuldades. Segundo elas, os trabalhadores rurais ficaram muitas semanas sem vender seus produtos, mesmo sabendo que as pessoas na cidade estavam precisando. Destacou as famílias que trabalham na cadeia leiteira que estão enfrentando perdas significativas. “Queremos incentivar, mas como vamos fazer isso se eles estão trabalhando com prejuízo?”. Citou a negociação do preço mínimo da uva, que ficou muito abaixo do que esperavam. “Não precisaria muita coisa para termos direito. Este crédito é merecido e precisamos outras políticas voltadas para a agricultura familiar, por isso peço que as pessoas não desistam, pois estamos juntos lutando por melhores condições aos trabalhadores”.
Outro representante dos agricultores, Marcio Ferrari, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Farroupilha e representante do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), afirmou categoricamente que o governo Leite virou as costas para os produtores e mais que isso ainda retirou todos os incentivos. Alegando irregularidades, mandou as contas de governos anteriores para o Tribunal de Contas do Estado. “Estamos na luta para sair de um imbróglio que o governo criou para justificar a falta de investimentos na agricultura, por isso o PL é fundamental para a agricultura, pois estamos passando por esta situação da seca e da pandemia”, afirmou. O projeto, segundo Ferrari, é fundamental para dar uma ajuda principalmente aos produtores de leite. Com a perda por causa da seca, houve perdas muito grandes, assim como os produtores integrados de frango e suínos. Na uva, acrescentou, houve uma safra boa, mas não se sabe como pode ser em 2022. “Além disso enfrentamos problemas na escoação da produção devido à falta de manutenção das estradas. O preço dos combustíveis e agora com a proposta do governo de criar praças de pedágio ficara ainda pior. Então me parece que o governador está mandando a conta para nós, trabalhadores, pagarmos”.
Para Augustinho Lorenzetti, representante da Cooperativa de Crédito Cresol, o projeto é importante e necessário e trouxe um importante depoimento. “Semana passada veio uma senhora nos visitar, ela trabalhava muito com feiras, Expointer e aqui na região e com pandemia as feiras diminuíram e está muito endividada. Ela estava vendendo a camionete onde ela transportava os seus produtos, seu filho precisou procurar emprego na cidade” desabafou.
Ricardo Fritsch, da Coopernatural, lembrou que muitos produtores dependiam das feiras e hoje sofrem muito. “Esse governo fomenta a produção de ração para o ser humano e não de comida. E isso é triste, o dólar lá em cima. O governo fez um miserável auxílio emergencial e nem chegou as agroindústrias familiares. Esse projeto vem de encontro a muitos dos nossos colegas que estão aqui na agricultura e precisam”.
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Texto: Raquel Wunsch (MTE 12867) e Claiton Stumpf (MTB 9747)