Comissão de Economia debate a alta do preço do aço e os impactos na economia gaúcha

Comissão de Economia debate a alta do preço do aço e os impactos na economia gaúcha
Reprodução TV AL

A Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Zé Nunes (PT), realizou nesta quarta-feira (16), audiência pública que tratou do impacto na economia gaúcha da elevação do preço do aço, principal matéria-prima da indústria metalmecânica e um dos mais importantes insumos para o setor da construção civil.

Em 2021, o preço foi reajustado pelas usinas para os distribuidores em 35%, enquanto o acumulado no ano passado chegou a 86%, afetando segmentos como produção de eletrodomésticos, implementos rodoviários e agrícolas. A instabilidade também afeta a construção civil e as obras públicas.

A situação do setor será encaminhada à Comissão de Economia da Câmara Federal, ao Ministério da Economia, à Bancada gaúcha na Câmara, ao Senado, e ao Ministério de Minas e Energia. “Há perspectiva de aumento das taxas de juros e desvalorização da moeda real. Os custos com investimento têm crescido, o que dificulta a retomada e o reaquecimento da economia brasileira, e o governo precisa tomar a frente”, argumentou Zé Nunes. O evento, em formato virtual, reuniu representantes do Aço Brasil (produtores brasileiros da liga metálica), Associação do Aço no Rio Grande do Sul, Anfavea, Abimaq, Sinduscon e prefeituras gaúchas.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos da regional Rio Grande do Sul (ABIMAQ-RS), Hernane Cauduro, lamentou que o aumento do preço da matéria-prima aconteça ao mesmo tempo do incremento da demanda de máquinas agrícolas no país. Cauduro afirmou que 90% das empresas do setor compram o produto de revendedores que aumentaram o preço em 140% durante o período da pandemia, repassando o aumento da usina. Para ele, um dos principais problemas é a incerteza quanto ao preço da máquina na entrega ao comprador. “Vivemos total incerteza”, afirmou, acrescentando que os preços internacionais também impactam o setor. Uma destas influências vem da mudança de estratégia chinesa para o aço. Ele contou que a China retirou subsídios para exportação, apostando no comércio de produtos agregados. Cauduro também quer que o Brasil adote uma mudança estrutural e estratégica para o aço. “Precisamos de políticas de desenvolvimento onde o aço é estratégico”, apontou. Ele previu ainda que, se a economia brasileira crescer de 4 a 5% nos próximos anos, haverá problemas de abastecimento.

Os representantes da Anfavea, Adriano Barros, Marcos Santini e Ana Helena de Andrade diagnosticaram a elevação de preço e os impactos no segmento e os reflexos para a sociedade. Além do preço dos nossos produtos, a médio prazo também haverá aumento do frete e das tarifas do transporte público e no custo dos alimentos produzidos no país. Santini projetou novos aumentos do preço do aço no próximo semestre.

O prefeito de Quinze de Novembro, Gustavo Stolte, município que pertence à região do Alto Jacuí, segundo polo de indústrias de máquinas no RS, expôs preocupações como redução de empregos, queda de arrecadação e problemas com licitações em obras públicas. “Como prever aumentos significativos do custo das obras públicas em razão da alta do preço do aço?”, questionou. O prefeito afirmou ainda, que a necessidade de destratos de licitações finalizadas e que em alguns casos não haverá tempo hábil para conclusão de contratos de recursos do Governo Federal.

A representante da Aço Brasil, Bárbara Oliveira, assegurou que os preços internacionais dos produtos tiveram um novo ciclo de alta. Ela comparou os preços praticados no mercado interno do Brasil com o mesmo mercado em outros países e encontrou similaridade. Bárbara observou que esse fenômeno não deve durar muito tempo. Já o representante do Sinduscon, Alexandre de Almeida, garantiu que o momento de excepcionalidade, com aumentos que trazem problemas em contratos assinados e uma considerável redução de novas vendas.

Para o deputado Clair Kuhn, se esses aumentos continuarem, o país vai parar de construir e consumir. Ele sugeriu que a bancada gaúcha no Congresso Nacional realize audiência pública sobre o tema.

Texto: Marcela Santos (MTE 11679)