O deputado Valdeci Oliveira (PT) manifestou, na manhã desta quarta-feira, 26, durante reunião ordinária da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (CSMA), preocupação com o avanço da pandemia em várias regiões no estado. “Estamos vivenciando um aumento nas internações e óbitos. O Rio Grande do Sul é hoje um dos estados que, proporcionalmente, vem registrando o maior número de mortes por conta da covid-19 no Brasil. As UTIs continuam lotadas e a vacinação, que infelizmente está a passos de tartaruga, tem que ser nossa grande prioridade. É a vacina que nos dá a garantia de condições para a redução das mortes. Os indicadores já nos mostram isso junto aos setores que foram imunizados, onde os óbitos nas faixas de 70 anos ou mais caíram consideravelmente se comparados com o período antes da vacinação”, avaliou o parlamentar. Valdeci destacou, ainda, um outro comparativo, que mostra que as pessoas que estão perdendo a vida hoje por conta do vírus estão nas faixas etárias dos 20, 30 e 40 anos.
Uma das preocupações manifestadas por Valdeci disse respeito à volta às aulas. Conforme o parlamentar, em Santa Maria, não foi uma, mas 30 escolas que, em uma semana de abertura, registraram professores e alunos contaminados. “Uma questão absurda e de insegurança total. Precisamos ter absoluta preocupação com a vida e com a prevenção. Sei que a situação está sendo dura para todo mundo, mas nada mais é complicado do que perder a vida, perder um ente querido”, destacou.
Segundo ele, o atual cenário é resultado da perda de controle do governo no combate à pandemia, que até aqui “vinha sendo feito com certa razoabilidade, mas agora está resultando no aumento das contaminações e internações e óbitos da população. E isso dentro de uma conjuntura que aponta para a chegada de uma terceira onda, que será trágico por tudo o que estamos vivendo”, declarou Valdeci, que é membro efetivo da CSMA.
Outro temor externado disse respeito ao cenário pós-covid e as sequelas deixadas pelo vírus na população que fora contaminada. “E segundo o que temos visto até aqui o estado também não está suficientemente preparado para isso, para dar a atenção necessária às pessoas, que continuarão a precisar de atenção da saúde pública, como também e às equipes multidisciplinares, principalmente na questão da fisioterapia, que é fundamental para quem se recupera da doença”, avaliou.
Audiência Pública
Ao final da reunião ordinária da CSMA, Valdeci utilizou seu espaço de fala durante audiência pública para debater o PL 277/2019, que dispõe sobre o parto seguro e medidas de proteção à gravidez no RS, para defender o diálogo e a participação de todos e todas que desejassem fazê-lo naquele momento. A manifestação do parlamentar se deu, principalmente, por conta de algumas posições externadas durante o debate questionando a legitimidade da opinião de quem se posicionava contrariamente ao projeto de lei apresentado pelo deputado Dr. Tiago (DEM) e que, na visão de muitas mulheres e profissionais da saúde presentes no encontro, não garante os direitos das gestantes preconizados em legislações nacionais e em orientações defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Me solidarizo aqui com as milhares de mulheres que tiveram alguma dificuldade (em seus partos), que sofreram traumas. São questões que precisam ser discutidas, esse é o centro do debate. E por questões da pandemia, onde não se pode estar presente, é preciso se ampliar essa possibilidade de participação e acesso ao parlamento para se discutir esses temas. Independentemente dos pontos de vista, fico satisfeito de o parlamento oportunizar ouvir os dois lados. Muita gente aqui nunca ouviu o contraditório, que é necessário para o processo democrático”, enfatizou Valdeci.
Segundo aqueles que se manifestaram favoravelmente ao projeto, as pessoas que se estavam se posicionando contrariamente à matéria o estavam fazendo por disputas e interesses políticos, o que foi rechaçado por Valdeci. Na opinião do parlamentar, todos e todas têm o direito de pensar da forma que quiser, conforme sua visão de mundo. “Não podemos vetar ninguém nem massacrar porque pensa diferente. E isso precisa ser respeitado, pois aqui é uma audiência pública que, sem público, perde seu sentido, A CSMA é aberta, democrática, essa é a sua marca. E precisamos, cada vez mais, de algo que é fundamental, que é a solidariedade, pois o mundo está caminhando muito pela visão do ódio, da intolerância e do preconceito. E nesta audiência tem muita gente que precisa de solidariedade, e elas sabem mais do que eu, elas sabem o que passaram ou não. Temos de respeitar a opinião de cada pessoa, isso é democracia, é assim que se constrói uma sociedade minimamente civilizada”, defendeu Valdeci.
A audiência sobre o PL 277 foi proposta pela deputada Franciane Bayer, relatora da matéria na Comissão de Saúde.