O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) reuniu-se, na tarde desta sexta-feira (7/05), com o Ministro Conselheiro para Assuntos Culturais da Embaixada da China no Brasil – Dr. Shu Jianping – integrante da área de Relações Comerciais; o prefeito de Ijuí, André Cossetin, lideranças empresariais, políticas e culturais ligadas ao município. O objetivo do encontro foi reforçar o interesse da Prefeitura em promover intercâmbio comercial, cultural, tecnológico e educacional entre Ijuí e aquele país asiático, convidar os chineses a constituírem uma “casa da etnia chinesa” na ExpoIjuí/Fenadi e solicitar o apoio institucional da Embaixada à candidatura do município gaúcho, que já é a Capital Nacional das etnias, a tornar-se Capital Mundial neste sentido.
Segundo Adelar Francisco Baggio, professor, Dr. da Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS, Unijuí, desde 1987, o município promove uma festa das Culturas, junto à realização da ExpoIjuí/ Fenadi. Hoje, são 13 etnias organizadas, compostas de 40 grupos folclóricos e CTGs locais, que mantêm contato com as embaixadas de países relacionados.” Eles cultivam de fato essas culturas, promovendo intercâmbios educacionais, comerciais, etc”, explicou Baggio, que reiterou a intenção do município de potencializar ações nas áreas culturais, comerciais, de inovações tecnológicas e universitárias. Ele também propôs a realização de rodadas de negócios nas edições da ExpoIjuí/Fenadi com a participação de empresários chineses, a construção de uma casa da etnia chinesa no parque de exposições e que a Embaixada ocupe lugar permanente na Feira.
O vice-reitor de Administração e diretor executivo da Unijuí, Dieter Siedenberg lembrou que acompanha desde o início o processo de criação do movimento das etnias em Ijuí. Ele contou que a Universidade disponibiliza a produção intelectual que os pesquisadores fazem sobre a cultura das etnias na região, sobre os imigrantes. “A Unijuí teve papel decisivo na conquista do título de Ijuí capital Nacional das Etnias para o município, em 2019. Tudo isso foi feito em parceria com empresários, órgãos ligados à cultura, ao turismo, governos, universidades e centros tecnológicos de todo país”, ressaltou. Siedenberg acrescentou que a Unijuí tem interesse em parcerias com a China para a instalação de um Instituto Confúcio, voltado ao ensino do Mandarim, no município; além de reforçar a disposição em promover eventos, acordos de cooperação e intercâmbios com entidades chinesas.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Ijuí, Marcos Kieling lembrou que a entidade sempre apoiou os movimentos culturais de etnias da cidade. Ele contou que já atua em parceria com empresas chinesas com mais de mil anos de história. “Há que se observar que a pujança econômica da nossa região se deu num espaço de tempo e cultura muito diferentes da China”, comparou. Kieling dispôs-se ajudar a potencializar a aproximação comercial de Ijuí com a China e a visitar o país asiático para consolidar estas relações.
Neste sentido, Jorge Burmann, que integra a Agência de Comércio Brasil/China entende que a entidade é mais uma ponte entre o estado e aquele país asiático. E considera de suma importância os projetos de Ijuí tornar-se Capital Mundial das Etnias, assim como a realização de rodadas de negócios no município com a presença de empresários chineses. “O RS não é apenas soja. O potencial do vinho, o setor moveleiro e agrícola: são inúmeras alternativas de negócios. Se Deus quiser, logo nos encontramos num grande projeto de integração com a China”, apostou.
Representando o Instituto Confúcio, Antônio Padula destacou a participação do ministro Shu Jianping na instalação do Instituto Confúcio, ligado a UFRGS, no RS. “Só por isso, ele já se revelou um grande amigo do RS”, elogiou o professor. Padula ressaltou a importância do Instituto na promoção do ensino da língua falada e da cultura chinesas. “São as expressões daquela sociedade”, frisou.
Pelo viés da cultura e da educação, Shu Jianping destacou que ainda há muito explorar no que tange a essas áreas na relação Brasil-China. “Com o conhecimento da cultura é que a gente vai superar os maus entendidos e conflitos, perder o medo de negociar com o outro país”, opinou o Ministro Conselheiro chinês. Segundo ele, há Institutos Confúcio em todas as regiões do Brasil, em parceria com universidades. “A formação de uma geração de empresários, funcionários públicos, estudantes com conhecimento da língua vai trazer benefício para os dois países”, reforçou.
Jianping contou que na China, das línguas estrangeiras, a portuguesa é a mais procurada. Disse ainda que a Embaixada tem programa de bolsas de estudos de mandarim para brasileiros, cujo edital é lançado no mês de novembro ou dezembro. “São 279 universidades chinesas abertas aos estudantes estrangeiros. Tanto o Instituto Confúcio do RS como a Unijuí podem fazer esta divulgação”, sugeriu.
O Ministro não pode responder a todos os pedidos. Mas, sobre o apoio da Embaixada à candidatura de Ijuí à Capital Mundial das Etnias, apesar de considerar a ideia ambiciosa, entende como positiva esta característica. “Ijuí não é uma grande metrópole, mas isso não impede este objetivo. A cultura é a essência e o núcleo de uma cidade. A diversidade cultural é a característica de Ijuí”, argumentou. Ele explicou que a Embaixada pode apoiar a cidade gaúcha divulgando-a na China, trazendo turistas e empresários, pós pandemia. “Acho que podemos sim fazer estes esforços. Toda grande caminhada começa com um primeiro passo”, disse o ministro. Apesar da boa vontade, Shu lamentou que apesar da enorme quantidade de turistas chineses, cerca de 160 milhões de saídas em 2019, apenas 70 mil vieram ao Brasil. “O obstáculo é o desconhecimento. O Brasil não é muito conhecido na China. Temos de fazer mais intercâmbios culturais e, consequentemente, atrair mais empresários. Também podemos trazer mais universitários. Temos ótimas universidades na China e queremos incentivar estes intercâmbios. Isso vai fazer o RS mais conhecido na China”, deduziu Jianping.
3ª Secretária da seção comercial da Embaixada da China no Brasil, Zou Xiaowei mostrou conhecimento sobre as relações econômicas da China no RS e Brasil. “A China tem sido o principal parceiro econômico do Brasil há 12 anos. No RS já tem empresas chinesas no setor de tabaco, automóveis, usinas termelétricas, etc. “O RS tem a 5ª maior economia do país. Estarei divulgando o estado e suas potencialidades na China”, garantiu Xiaowei, que disponibilizou um contato para receber mais dados econômicos do estado passíveis de divulgação.
Por fim, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Jeferson Fernandes reiterou o propósito de promover a consolidação de negócios entre RS e China, além do estreitamento de laços culturais educacionais, parcerias nas áreas de saúde, educação, segurança pública, etc. “Estamos aprendendo com vocês chineses a ter a paciência de construir passo a passo uma relação com solidez e confiança. Temos certeza de que muitos frutos haveremos de colher nesta relação que está sendo cultivada”, concluiu.
Participaram da reunião também o vereador Adalberto Noronha; o presidente da ONG IOV, Clerton Vieira; entre outros.
Texto: Andréa Farias (MTE 10967)