“É um crime contra os mais pobres”, afirma Valdeci no debate da PEC das Privatizações

“É um crime contra os mais pobres”, afirma Valdeci no debate da PEC das Privatizações
Reprodução dos Deputados da bancada do PT na sessão plenária virtual desta terça-feira

Na sessão plenária da Assembleia Legislativa desta terça-feira (27), o deputado Valdeci Oliveira (PT) se manifestou e votou contrariamente à PEC 280/2019, que retira o direito da população de se manifestar, via plebiscito, sobre a privatização ou não das empresas públicas Corsan, Banrisul e Procergs. Para o parlamentar, retirar a garantia do plebiscito da Constituição Estadual demonstra receio do governo em consultar o povo. “Quem tem medo de ouvir as gaúchas e os gaúchos não deveria sequer ter se candidato a governador”, afirmou o parlamentar, que, nas últimas semanas, propôs e participou de diversas audiências públicas para tratar do tema. “Esses encontros contaram com a presença de centenas de pessoas das mais variadas regiões do estado. E as posições foram praticamente unânimes: privatizar a água, esse bem público, natural, fundamental para a existência da vida e estratégico do ponto de vista do desenvolvimento econômico, será danoso para toda a população, menos para quem irá explorar o serviço. As audiências também nos mostraram que a sociedade é contrária em não ser consultada sobre a questão”, sustentou Valdeci.

Por se tratar de emenda à Constituição Estadual, a matéria, apresentada pelo deputado Sérgio Turra (PP) e que estava parada há dois anos, precisa ser apreciada em dois turnos e necessita de 33 votos em cada votação para ser aprovada.  Nesta primeira rodada de votação, o projeto recebeu 34 votos favoráveis e 18 contrários. Na tribuna da sessão virtual, Valdeci lamentou a posição da maioria dos parlamentares. “O que está se cometendo aqui é um crime contra as pessoas mais pobres, pois são eles que vão ter que arcar, no futuro, com a conta de água mais cara e com a falta de qualidade no serviço, como aconteceu em Uruguaiana, cidade que, há poucos dias, foi manchete na imprensa estadual em função das reclamações sobre a qualidade da água feitas pela população”, disparou Valdeci.

O parlamentar também destacou a maciça contrariedade à PEC 280 por parte de prefeitos e vereadores gaúchos. “Os deputados deveriam ouvir os vereadores e prefeitos de todos os cantos do RS, que estão repudiando esse atropelo. Mais de 300 câmaras de vereadores gaúchas votaram moções de repúdio à privatização da Corsan e ao fim do plebiscito”, acrescentou o parlamentar .

Valdeci classificou como “completamente inoportuno” o período escolhido pelo governador  para discutir esse tema. “Tínhamos que estar aqui discutindo e unindo forças para o fortalecimento das ações de combate à pandemia, da concessão de uma renda emergencial aos mais vulneráveis, na defesa da vida, no apoio às micro, pequenas e médias empresas, planejando ações para a manutenção dos empregos e para evitar a falta de vacinas, que já é uma realidade. Discutir outra questão, e de forma apressada, chega a ser irresponsável”, avaliou.

O parlamentar trouxe ainda para o debate o desempenho da Corsan em Santa Maria. “Só na minha cidade, Santa Maria, a Corsan tem um contrato que garante, a cada ano, R$ 10 milhões para a prefeitura investir em diferentes áreas. Mas os mais penalizados serão os pequenos e médios municípios, que recebem serviços de água e esgoto da Corsan por meio do subsídio cruzado. Como ficarão os pequenos municípios com a privatização? Alguém lembrou disso dentro do governo? “, criticou Valdeci.

A votação em segundo turno da PEC do Plebiscito deverá ocorrer ao longo de maio.  A previsão de realização de plebiscito prévio para a venda de estatais foi incluída na Constituição Estadual em 2002, pelo então deputado estadual Vieira da Cunha (PDT). Conforme o próprio Vieira da Cunha, que recentemente participou de três audiências públicas promovidas pela Assembleia Legislativa sobre o tema, a iniciativa ocorreu “na esteira do trauma causado na sociedade pelo governo de Antônio Britto, que privatizou empresas públicas gaúchas sem com isso melhorar o desempenho financeiro do estado.”

Texto: Marcelo Antunes (MTE 8.511)