Agilidade na aplicação, diversificação na compra e proteção com campanhas educativas

São saídas apontadas pelos infectologistas Alexandre Zavascki e Alexandre Schwarzbold. Os dois foram unânimes em afirmar que o Brasil perdeu, há um ano, a oportunidade de mostrar de forma uníssona a importância do uso da máscara adequada, do distanciamento e da higiene das mãos. De acordo com os infectologistas, a ausência de uma campanha forte e a demora em proteger o povo, gerou dúvidas e expôs a população inteira ao caos que vivemos hoje no País.

Em tempos de fake news, população confusa, fica descuidada e desacredita em muitas informações. Para os médicos, muito teria sido evitado se os governos e autoridades tivessem começado há um ano campanhas educativas, assertivas e sem tanto desencontro de informações. As afirmações foram feitas nesta sexta- feira (19) durante mais uma reunião de trabalho da comissão externa da Assembleia, que acompanha a vacinação no RS.

Um dos convidados, o médico infectologista Dr. Alexandre Zavascki, chefe do setor de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, mostrou aos deputados da comissão a importância de agilizar a vacinação, “ um dos mais importantes aspectos relacionados a vacina, não está em qual vacina escolher e sim em ter uma estratégia de vacinação rápida. Estamos aprendendo ainda muita coisa da doença, já que a mutação do vírus impõe isso”. Ele insistiu que, a falta de agilidade e de um plano nacional de vacinação, pode colocar em risco até mesmo quem já recebeu as primeiras doses.

A mutação foi outra abordagem do infectologista. Essa variante, a P1, segundo Zavascki, preocupa muito os especialistas, uma vez que não se sabe ainda quais outros desdobramentos ela pode acarretar no cenário de crise sanitária pelo qual o Estado está passando.  Por isso, de acordo com o médico, agilizar a vacinação, faz com que os riscos da mutação diminuam, “a vacinação lenta, diminui a capacidade do vírus de ser atacado por uma variante imunológica, ou seja, vacinar uma parte da população e parar, é dar chance para que estas variantes se fortaleçam, este tempo perdido, pode gerar um caos pior do que já vivemos”, afirmou.

Na mesma linha de defesa da agilidade da vacina, o Infectologista Chefe da Unidade de Pesquisa Clínica no Hospital Universitário de Santa Maria/UFSM, Dr. Alexandre Schwarzbold, reforçou que a vacinação é fundamental neste momento para o controle da pandemia, mas, por si só não vai resolver o problema, “não acredito que a imunidade de rebanho, neste momento, seja suficiente para controlar a epidemia. O controle deste vírus só vai acontecer com vacina. A rapidez com que a gente consiga fazer a vacinação na população é a única saída. A imunidade de rebanho só funciona se tivermos 70% da população vacinada. ”

Alexandre Schwarzbold, reforçou que um segundo elemento importante numa situação de urgência, é pensar na ideia de diversificação de vacina, “se tivéssemos oferta de uma única para cobrir a população inteira seria perfeito, mas como a realidade é longe disso, precisamos urgentemente pensar na diversificação de plataformas de vacinas. Com a diversificação poderemos, lá na frente, analisar o comportamento das vacinas na população. A diversidade é importante, já que existem diferenças entre elas, este é o ideal. ”

Ele destacou os riscos de liberar a circulação de pessoas, neste momento, “ Precisamos repetir sempre que todo ambiente fechado, onde possa haver aglomeração, por menor que seja, será propício para a propagação de forma mais rápida do vírus e suas variantes, são ambientes de maior risco sem dúvida. ”

Questionamentos e dúvidas por parte dos deputados ficaram esclarecidos e vão estar no relatório final da comissão. A ideia é contribuir para agilizar e concluir a vacinação no estado.

A reunião foi coordenada pelo deputado Pepe Vargas (PT) e contou com a presença das deputadas Sofia Caveon (PT), Patrícia Alba (MDB), Zilá Breitenbach (PSDB) e dos deputados Vilmar Lourenço (PSL), Frederico Antunes (PP).

Texto: Vânia Lain (MTE 9902)