Iniciamos 2021 com a esperança da vacinação e o otimismo que traz essa notícia, somado ao negacionismo, fatalismo e à ignorância, provocaram um relaxamento das medidas de prevenção, o que, com a volta da atividade econômica, nos colocou em patamares altíssimos de contaminação e morte.
O Brasil tem estrutura e capacidade para vacinar um milhão de pessoas por dia, segundo a bióloga Melissa Markoski, mas atrasou-se no processo de compra das vacinas, e essa capacidade não será ativada plenamente tão cedo.
Diferentemente da “gripe espanhola” de 1918, sabemos como deter a contaminação, temos tecnologia, comunicação e o SUS! Nem Ministério da Saúde tínhamos. Segundo a historiadora Heloísa Starling e a cientista política Lilia Schwarcz em artigo na Carta Capital, à época as autoridades “procuraram lidar com a gripe da melhor maneira que puderam, usando os ensinamentos de profilaxia aplicados em outros locais e a população empenhava-se nos cuidados”. O que nos surpreende agora é o egoísmo, o desrespeito, a indiferença e arrogância que denotam um retrocesso civilizatório e nos fragilizam para enfrentar a pandemia, mesmo com melhores condições e conhecimento, afirmam as doutoras.
A notícia de que o governo estadual estuda, a pedido do Sindicato das Instituições de Ensino Privado, tornar obrigatória a presença na escola, impacta as medidas de prevenção. Em vez disso, deveria ser solicitado aos/às estudantes a abertura da imagem na tela, no ensino remoto, para que professores que estão ministrando aulas possam perceber a reação dos e das estudantes e contar realmente com o grupo interagindo.
Queremos o Sinepe lutando conosco pela vacinação de professores e funcionários da educação imediatamente! Desejamos a alegria da presença barulhenta, interativa, criativa das/dos nossos alunos/as e professores nas escolas, de volta ao processo humanizador e restaurador das perdas que a falta dela trouxe. Mas queremos as escolas abertas sem causar mais dor, sofrimento e morte. E ainda, enquanto não tivermos mais de 70% da população vacinada, que as famílias possam optar se seus filhos a frequentarão.
Quiçá, se formos exemplares na prevenção pela e na educação, as novas gerações possam tornar esse Brasil um país consciente, solidário, organizado para proteger todas as vidas e fazer da ciência instrumento de saúde e justiça social.
*Deputada Estadual/PT – Presidente da Comissão de Educação da ALRS
**Artigo publicado na edição desta segunda-feira (08/2) no jornal Correio do Povo